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Artigo de Opinião

9/02/2023 08:00

Ora, a mais recente paródia a que assistimos foi a dos exames nacionais. E, pelo que parece, ainda não acabou.

Se voltarmos mais atrás, no Programa do Governo, apresentado pela equipa de Costa, era defendida a necessidade de se "avaliar a melhoria a introduzir no acesso ao ensino superior, com vista à separação entre a certificação do ensino secundário e o acesso ao ensino superior e à valorização de todas as vias e percursos de ensino".

De que se lembrou o Ministro da Educação para resolver esta proposta? Acabar com os exames nacionais. Acabar com os exames e mais um par de coisas.

Isto é tudo tão deprimente. Nem chegámos ao Carnaval e a trapalhada já começou.

Se esta medida se materializasse - a da eliminação dos exames, Portugal seria um dos poucos países europeus sem provas de conclusão do ensino secundário.

Como escreveu o antigo deputado do PSD, Duarte Marques, "estatisticamente daríamos um passo de gigante na qualificação dos portugueses, já no que diz respeito às aprendizagens voltaríamos uns anos atrás".

Continuaríamos a apostar no facilitismo, perderíamos ainda mais qualidade e informação sobre o ensino, produziríamos tudo, menos o êxito que o mesmo Programa do Governo, em que atrás me baseei, defende. Defende mas não pensa, não planeia, nem, tão pouco, executa.

E, como se esta tristeza toda não fosse suficiente, com o Ministro da Educação a propor uma medida desta índole, vem a nossa estimada Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior propor outra.

Criou, logo ali, uma divergência, onde até o Presidente da República meteu a mão. Aliás, foi o próprio a anunciar que, afinal, as provas nacionais vão continuar e vão continuar, também, a contar para a nota final.

Já não é a primeira vez (antes fosse!) que este Governo mostra como está desalinhado e como a sua conduta é pautada por uma descoordenação política grave.

Aliás, não nos esquecemos da confusão que Elvira Fortunato provocou em torno do contingente de acesso ao ensino superior para os alunos oriundos das regiões autónomas, anunciando uma redução para depois voltar atrás, surpreendendo, alegadamente, até os seus camaradas de partido.

Mais vergonhoso ainda é ser Marcelo Rebelo de Sousa quem vem dizer que a divergência está "superada", qual professora que separa a briga de duas crianças. Na infância isso até pode ser natural e fazer parte do desenvolvimento interpessoal. Entre ministérios e ministros revela a imaturidade com se governa este País.

O problema dos exames nacionais e a falta de comunicação entre os dois governantes, bem como, a mais recente decisão anunciada (pelo menos aquela que temos enquanto escrevo este artigo) demonstram a forma desordenada e destruturada como se pensa (não só) a educação neste país.

A procura pelo facilitismo como forma de resolver problemas é aterradora, preocupante e deve envergonhar todos.

Susana Peralta, professora de economia na Nova SBE e cronista do Público, fez, a propósito, uma análise interessante sobre esta questão, reiterando que os exames refletiam as desigualdades do sistema, mas que, precisamente por isso, deveriam continuar. Para que, através deles, possamos continuar a obter indicadores do percurso dos nossos alunos e das nossas escolas. Das suas necessidades e daquilo que é preciso combater. Combater e resolver.

Deixem-se de confettis. Ainda nem chegámos ao Carnaval.

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