MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Investigadora

24/12/2024 08:00

Veio o frio. Veio a chuva. Veio Dezembro e a azáfama dos preparativos para a Festa. Por cá e para cumprir a tradição aproveitei uns galhos de pinheiro caídos no chão e umas pinhas e fiz o meu Advento. Um singelo apontamento apenas.

As serras estão verdinhas. Os que chegam de fora, influenciados pelo cliché do dourado e do árido, espantam-se. Os daqui aproveitam a benesse e abalam, serra adentro, em busca de ranchões, serralhas e acelgas. Não ficamos atrás e, munidas de sacos e facas, fomos apanhar estas plantas que outrora matavam a fome aos portosantenses. Porém, ainda principiantes e, absolutamente fascinadas pelo encanto das histórias que vamos ouvindo acerca da habilidade destas gentes em aproveitar os parcos recursos, arrancamos quase tudo o que era verde e com bom aspecto. Resultado: fidigoses, alabaças e outras tantas ervas do campo enchiam os nossos sacos e a Bela teve de escolher uma por uma antes de cozinhar os ranchões para acompanhar a carne de porco, as semilhas e a batata-doce. Sentada à mesa, com a vila aos meus pés e a chuva a cair, relembrei as palavras do professor João David Pinto Correia de que “nas ilhas sente-se muito, pensa-se em excesso, valoriza-se o pormenor, absolutiza-se tudo, confabula-se e ama-se em silêncio”. No dia seguinte, veio a cereja no topo do bolo: milho cozido com ranchões acompanhado com cavalas com molho de vilão. Podem salivar à vontade! É um manjar dos deuses. Dizem que a gula é pecado, mas confesso que não há nada melhor do que se sentar à mesa com amigos para comer, beber e conversar.

É obvio que a grande maioria já tirou as roupas de inverno do guarda-fato e guardou as toalhas de praia e os fatos de banho, mas não pensem que a praia está vazia. Ainda há dias, ao final da tarde e apesar do vento e do frio, resolvi fazer uma caminhada. Assim que cheguei ao Ribeiro Salgado, comecei a ouvir vozes animadas e muitas gargalhadas e qual não foi o meu espanto quando vi uma família, pai, mãe e 2 filhos a chapinhar na água, furando as ondas que energicamente faziam uma parede de areia na babujinha. Avistei ainda outros casais de meia-idade que aproveitaram o final da tarde para passear e uma mãe com uma menina sentadas na areia, e fazendo desenhos com um pau. Também passou por mim um estrangeiro com um labrador que, ora corria na areia seca, ora molhava as patas na espuma do mar e umas tantas gaivotas que pousavam indolentemente no areal enevoado.

E porque já se festeja o Natal, as festas iniciaram-se com a Sopa da Esperança, uma iniciativa que visa angariar fundos para os mais necessitados, sendo que a cada ano é escolhida uma pessoa a quem se entregará os fundos recolhidos com a venda da Sopa. Havia outros comes e bebes e animação no Largo das Palmeiras pelo que muitos aproveitaram para ver a iluminação e as decorações alusivas à quadra. A festa da patinagem e das escolas são igualmente cartazes desta época, assim como as missas do parto celebradas na Matriz e na Capela do Espírito Santo. Ouvi dizer que o menino já mija lá para os lados da Camacha. Esperam-me dias de bem-aventuranças e consagração. Boas festas!

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

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