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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

19/05/2024 04:30

Na história da Igreja Bizantina, aparece com frequência e majestade o Pantocrator que significa o Criador de todas as coisas.

Israel sempre acreditou em Deus Criador, e essa fé era também comum entre os povos e civilizações do mundo antigo.

A história de Israel sofreu muitos momentos difíceis, não apenas no Egito, mas também quando atravessou o Jordão e entrou na Terra prometida por Deus a seus pais. Nesta época, sofria com as dificuldades da conquista e temia pelo seu futuro. Os maiores males vieram depois, principalmente com a destruição de Jerusalém, a cidade santa, o incêndio do Templo, a falta da Arca da Aliança, a expulsão do rei, dos sacerdotes, dos profetas, dos nobres, dos ricos e poderosos.

A grandeza e a glória dos reinados de David e Salomão tinha sido efémera. Tinham confiado tanto nas palavas dos falsos profetas e rejeitado os verdadeiros que Deus lhes

enviara, tinham observado os sábados e as luas cheias, embora com sacrifícios e libações aos deuses pagãos, e gritado Templo de Deus, Templo de Deus, Templo de Deus. Não tinham confiado nos profetas enviados por Deus, agora, exilados em Babilónia o Deus de Israel aparecia como um Deus derrotado por Marduk o deus dos babilónios, o Deus de Israel não tinha defendido os seus adoradores, era um Deus derrotado que tinha sido expulso da sua terra, do seu Templo, tinha perdido o seu poder e a sua divindade.

Mas não foi Iaveh o Deus que criou o céu e a terra?

Perante este vazio, sem terra, sem Templo, sem festas religiosas, os profetas ensinaram aos que permaneceram ainda em Jerusalém, mas principalmente em Babilónia, sobre o problema do mal e a criação do mundo, que mais tarde foi esta doutrina colocada no

princípio da Bíblia, no livro do Génesis.

O mundo seria mau desde a origem? E os homens também seriam maus?

Como é que o mundo e a humanidade tiveram a sua origem? Os sábios do Templo de Israel, os sacerdotes, os profetas antigos e presentes, vão apresentar as suas meditações esclarecidas, inspiradas pelo Espírito de Deus.

O tema da Criação do Mundo em seis dias, tem por finalidade permitir o descanso

de Deus no sétimo dia. Os sacerdotes e profetas procuram insuflar coragem e força aos exilados, uma mensagem de esperança. Deus é Bom, Ele criou o universo, vai realizar uma nova Criação, a recriação do povo, eles vão multiplicar-se e desenvolverem-se mesmo numa terra estrangeira.

O Deus único foi o que se deu a conhecer a Abraão e a Moisés, só Ele está na origem de tudo quanto existe, tudo o que Ele fez é bom, belo e santo Todas as religiões astrais, como as de Babilónia, que vêm deuses no sol, na lua e nas estrelas, são aberrantes. O Deus de Israel não é um Deus como os outros, é um Deus que tem nas mãos todos aos povos.

Foi em Babilónia, no exílio que o tema da Criação se tornou dominante, embora ele

nunca estivesse totalmente esquecido. Iaveh não era um Deus de um lugar. Ele tinha poder sobre o Céu e a Terra. Poderia ter conduzido sozinho, sobre todos os povos e sobre todas as terras, o Seu povo para revelar-se, porque é o Criador, a fonte de todo o poder. Deus é o Amor eterno, criou o mundo e ele permanece em suas mãos. Foi Ele que criou no firmamento o sol e a lua, não como deuses, mas para medir o tempo. A narração da criação não é o único texto da Sagrada Escritura, existem ainda narrações nos Salmos. A Bíblia adapta várias vezes ao permanente desejo do modo de pensar, a Palavra de Deus, que é a mensagem do seu ato criador.

Devemos ter em conta que o Antigo Testamento não é o final do caminho, mas a longa estrada que conduz à mensagem de Jesus Cristo e da vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes.

São João tem um magnífico e genial texto: “No princípio existe o Verbo, o Verbo estava em Deus, o Verbo era Deus, por Ele tudo começou a existir (Jo, 1, 13). O cristão lê o Antigo Testamento, mas sempre com uma referência a Jesus Cristo e através de Jesus. O Antigo Testamento não está completo em si mesmo, como fazia a primitiva Igreja. “Mesmo hoje, a fé na Criação está de acordo com a Razão, deriva da Razão, deriva da Razão de Deus e não existe outra explicação realmente convincente.... não esconder hoje a nossa fé na Criação” (Papa Bento XVI).

O Credo da Igreja, proclama ainda hoje todos os domingos com alegria: “Creio em Deus Pai todo-poderoso Criador do Céu e da Terra”.

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