Mas tenham calma. Não se trata de uma mudança de mentalidade. Será mais uma espécie de tentativa de aproveitar uma onda momentânea, fugindo das acrobacias, e esperar para capitalizar com o erro do adversário.
De facto, atualmente, parece que os ardis políticos montados têm um único propósito: encontrar incongruências do PAN. Ou, no mínimo, inconsistências que coloquem em causa as bases de uma maioria parlamentar sustentada num acordo de última-hora.
Num ápice, os que sempre se manifestaram contra o projeto das Ginjas ou o Teleférico do Curral das Freiras ganharam expressão política. Os que sempre defenderam os animais ou o ambiente, muitas vezes ostracizados pela aparente sobrevalorização dos temas na relação com outras questões prementes, também conquistaram voz e peso mediático.
É bem verdade que são outros a darem a cara pelo assunto. São outros a se chegarem à frente, a maioria nunca sequer se preocupou em saber bem do que está a falar, o que é preciso mudar ou o que está realmente em causa.
Mas o importante é que se fale, na ótica de quem anda(va) a pedir para o assunto ter eco.
Resta perceber se o PAN saberá contornar todas as armadilhas montadas. Para já, percebeu que não pode mudar o mundo e dizer tudo o que lhe vai na alma, ao contrário do que acontecia quando estava isento de responsabilidades. Apontar o dedo é sempre mais fácil…
Mas, mais do que alinhar neste género de jogo do(s) gato(s) e do rato, importaria não perder de vista as matérias que mais afligem os madeirenses e que foram expostas recentemente num estudo de opinião encomendado pelo JM e rádio JM FM à empresa Intercampus. Debater questões como o aumento do custo de vida, os baixos salários ou as carências habitacionais são prioridades, avisaram os eleitores. Pelo menos aqueles - a maior parte - que têm de fazer contas para esticar o orçamento até ao fim do mês.
Também ao fim, bem antes do tempo previsto, chegou a gestão de Rui Fontes no Marítimo. E terminou mal, infelizmente. E não mereciam todos os que validaram a sua proposta de gestão, reformulada vezes sem conta ao longo de apenas dois anos de mandato.
Prometeu conquistas e o que se viu foram insucessos. Propalou união e acabou por ser apontado como o rosto da discórdia interna. Nada de surpreendente, de resto, dada a incrível sucessão de casos estranhos ocorridos em tão curto espaço de tempo.
Em dois anos, incompatibilizou-se com a SAD de João Luís; apontou Tiago Lenho como solução de futuro para o futebol e acabou por perdê-lo para o Chaves; perdeu a confiança da direção que presidia; desperdiçou o capital de confiança que tinha junto dos sócios... Tudo somado, deixa o clube em convulsão, na II Liga, onde nunca iria estar, conforme jurou. Aliás, juras houve um pouco de tudo: competições europeias, reforços sonantes, vitórias que nunca vieram até que chegou a derrota final, infligida pela sua própria direção. Aliás, até jurou, agora à saída, que iria ser candidato para depois garantir que nunca pensou continuar.
Ainda assim, acaba orgulhosamente só, garantindo que todos os outros estão errados… Quando a culpa é sempre dos outros, mais vale lutar para ficar na oposição e não decidir nada. Muitos fazem vida assim, torcem para perderem… por poucos. Sim, porque importa não ficar muito mal na fotografia.