Analisando a alguma distância, parece cada vez mais evidente que os atalhos outrora encontrados para o agora líder demissionário alcançar a presidência dos socialistas causaram feridas insaráveis, agudizadas por outros focos de discussão interna que conduziram ao afastamento de figuras que se revelaram importantes durante o percurso.
A autossuspensão de Cafôfo apenas resolve um problema, o seu. A purga do presidente demissionário confere-lhe tempo para recuperar o fôlego, mas deixa o partido órfão de liderança e sem perspetivas óbvias de sucessão. Até ao momento, só Menezes de Oliveira se mostra disponível para dar voz a um PS estranhamente silencioso (ou internamente silenciado) depois do desaire autárquico. Pouco para o principal partido da oposição, que terá cometido o maior dos pecados nos últimos tempos: decidiram em circuito fechado, valorizaram independentes e esqueceram o partido.
Seguem-se meses de indefinição que só acentuarão a indisfarçável crise identitária do atual PS. Meses que também poderão servir para purificar, rejuvenescer e remodelar um partido que apresenta valores seguros que estão nesta altura afastados da cúpula socialista, dando oportunidade a jovens que demonstram vontade de mudança.
No PS, mas também noutros partidos, a alternância deveria implicar substituições a todos os níveis, incluindo pessoas que têm apadrinhado estratégias que não garantem longevidade política. Bem pelo contrário.
Aos que saírem, e porque a política não deve ser um polo de emprego, aconselha-se trabalho simples e honesto. E há muito para fazer em diferentes áreas para evitar aquilo que Miguel Albuquerque considerou ser uma espécie de parasitismo de alguns desempregados que recusam entrar no mercado de trabalho só porque sim.
Se é verdade que o assistencialismo do Estado convida a nada fazer, não é menos óbvio que o problema do País não se resume ao parasitismo dos desempregados, até porque muita da oferta merece ser ignorada tamanha é a precariedade.
Podíamos começar por perceber por que razão há juízes a brigar com juízes, como expressa a revogação de 20 decisões de Ivo Rosa, censurado e acusado de violar regras de competência. Ou seja, andam juízes a julgar determinadas matérias, que são depois anuladas por colegas e revogadas, posteriormente, por um tribunal superior. Em vez de haver Justiça, há manifestas demonstrações de birras - com Ivo Rosa ao centro - que tornam cada vez mais difícil confiarmos na magistratura nacional.
Adiante… Importa olhar em frente e pensar em novas formas de recuperar proveitos, aproveitando uma ‘bazuca’ que carece de reflexão pública. Já se sabe quanto é que será afeto a determinada área. Falta perceber como, porquê e a quem. Mas isso, como bom português, será decidido em cima do joelho. E até interessa a muitos parasitas que assim seja.