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Artigo de Opinião

Advogado

1/12/2024 03:30

Percebe-se o incómodo que a esquerda tem em celebrar o 25 de novembro! E não é por desvalorizar o 25 de abril, é por significar um reverso e uma capitulação no seu propósito para o País!

Para melhor compreendermos o período que entre nós ficou conhecido como o Período Revolucionário em Curso (PREC) e que culminou no 25 de novembro de 1975, importa compreendermos o Mundo em que então vivíamos. Estávamos em plena “guerra fria” período de tensão geopolítica entre a União Soviética e os Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial. Era Presidente dos EUA o republicano Gerard Ford, e continuava líder da União Soviética Leonid Brezhnev. O clima internacional era de conflito não declarado entre as duas grandes potências – que mais do que dois países eram dois blocos políticos, duas ideologias marcadamente diferentes – que disputavam influências, territórios e poderes. Os ventos corriam de feição à ideologia comunista em crescente influência em África e Ásia.

Em Junho de 1975, era assinado o acordo de Lusaka pelo qual o poder Moçambicano foi conferido exclusivamente à Frelimo, ao contrário do que inicialmente se desenhava de um poder partilhado por várias forças politicas. Era visível o interesse das forças comunistas apoiadas pela União Soviética em controlar a independência e os novos governos dos países de expressão portuguesa.

Devemos hoje reconhecer que o verdadeiro objectivo do poder soviético na Revolução portuguesa residia mais no controlo do poder concreto a quem Portugal “entregaria” os governos dos ex-territórios ultramarinos, previsto como um dos grandes objetivos da revolução de abril de 1974.

Na época, essa evidência não era tão clara e a população portuguesa estava convicta de que era o próprio País que estava na mira dos interesses do império soviético. Para grande parte da população era visível a intervenção das forças comunistas e extremistas no evoluir da situação política portuguesa em especial após o 11 de Março e receava-se a constituição de uma nova Cuba no espaço europeu. A esquerda comunista e radical “ajudava” nesse receio.

No dia 25 de novembro os objetivos soviéticos quanto à influência na política portuguesa estavam terminados com a entrega de Angola ao MPLA, quinze dias antes. Foi por isso que os militares afetos ao PC, foram mandados recuar nesse dia. De forma simultânea e paralela os desejos da África do Sul – na altura em regime de apartheid – em invadir Angola, destronando o poder comunista, foram mandados recolher pelos EUA.

A 25 de novembro, a União Soviética e os EUA remarcaram os seus territórios e influência: a Europa ocidental permanecia na área da Nato e África lusófona estaria na dependência do comunismo internacional. Portugal foi o centro desse acordo. As ilhas atlânticas também contribuíram para essa redefinição. A esquerda comunista portuguesa recuou e obedeceu a Moscovo como sempre fez.

Reconhecer isto, quase cinquenta anos depois, pode ser amargo para alguns, mas é essencial para que se perceba o 25 de novembro de 1975 e a importância dessa data no enfraquecimento da influência comunista na Europa. Pode não ser coerente para quem apregoa o “interesse nacional” e a defesa de Portugal, quando na prática se subjugou à visão estratégica de Brejnev.

Mas lembrá-lo é um dever de cidadania.

Ricardo Vieira escreve ao domingo, de 4 em 4 semanas.

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