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Empresas de frutas e legumes criticam “medidas velhas” apresentadas pelo Governo

Data de publicação
07 Fevereiro 2024
17:45

Empresários portugueses do setor das frutas e legumes acusaram hoje, em Berlim, o Governo de apresentar “medidas velhas” para apoiar os agricultores, depois de se dizerem “maltratados e abandonados” nos últimos anos.

Em Berlim, 25 entidades portuguesas do setor alimentar participam entre hoje e sexta-feira na feira Fruit Logística, onde são esperados mais de 64 mil visitantes de 140 países.

“Esta possibilidade de estarmos aqui mais uma vez garante-nos a consolidação de negócios que já temos com muitos clientes, onde é preciso voltar a estar para não perdermos a notoriedade que Portugal tem vindo a ganhar”, sublinhou o presidente da Portugal Fresh, Gonçalo Santos Andrade, à agência Lusa.

O grande objetivo da Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal é reforçar a competitividade das empresas nos mercados internacionais, valorizar a produção e atingir os 2.500 milhões de euros de exportações de frutas, legumes e flores em 2030.

Para Gonçalo Santos Andrade, os apoios anunciados pelo Governo, de 500 milhões de euros para o setor agrícola são mais do mesmo e que levantam “uma enorme preocupação.”

“A estes pacotes de medidas já estamos habituados. A senhora ministra, que maltratou os agricultores durante os últimos anos, junta medidas já anunciadas durante uma série de tempo e anuncia pacotes. Se formos ver ao detalhe o pacote, não há pacote nenhum. Estão a tentar arranjar 62 milhões que já estavam acordados com a Confederação dos Agricultores de Portugal e que visa retificar um pagamento que não foi feito”, realçou.

Para Aristides Sécio as medidas são “velhas”.

“São velhas promessas. Não vêm acrescentar nada às dificuldades que nós temos. A principal (dificuldade) é a burocracia que é exigida à agricultura. Nós somos agricultores, a nossa função é produzir alimentos e, infelizmente, grande parte do nosso tempo está condicionado a preencher papéis (...)”, revelou o diretor executivo da Cooperativa Agrícola dos Fruticultores do Cadaval.

“É um ano complicado para nós porque tivemos uma quebra de produção muito significativa (...). Há dois anos tivemos uma superprodução, trabalhámos 31 mil toneladas. Este ano, não vamos além das 15 mil”, lamentou.

Para o diretor geral da Lusomorango, Joel Vasconcelos, que exporta 99% do que produz, é preciso esperar para ver se os apoios anunciados pelo Governo se vão mesmo concretizar.

“Os agricultores têm passado por momentos de grande dificuldade, que vêm já desde a pandemia (...). Chegaram a um ponto onde é difícil continuarem a produzir alimentos em quantidade e em qualidade com o mesmo nível de apoio que têm tido nos últimos anos”, reforçou, em declarações à agência Lusa.

“No nosso caso, temos sofrido muito com as questões da seca, derivado das alterações climáticas e com a incapacidade para resolver um problema estruturante, que é o problema da água no país e da disponibilidade de água para a agricultura”, lamentou.

Carlos Marques, administrador da Horta Pronta, Hortas do Oeste, que tem estado na Fruit Logística desde a primeira edição em que Portugal participou, em 2011, revela que a Alemanha é o segundo destino da produção. A presença nesta feira ajuda a reforçar a relação.

“Exportámos cerca de três milhões e meio de euros em couves no ano passado. A Alemanha representou cerca de 30% desse valor, depois da Polónia”, explicou, acrescentando estar cauteloso em relação às medidas anunciadas pelo executivo.

Desde segunda-feira que a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, tem estado reunida com as várias organizações representativas dos agricultores, mas os protestos continuam. Para quinta-feira está marcada uma nova manifestação em Bragança.

“Prejudica-nos um bocadinho a questão dos bloqueios de estrada porque não nos deixam passar com as nossas exportações. Mas acho que têm razão e têm de protestar”, revelou Carlos Marques.

A Alemanha é o 4.º principal mercado das exportações portuguesas de frutas, legumes e flores, lugar que se mantém estável nos últimos anos. Espanha é o principal comprador, seguido de França e dos Países Baixos. A União Europeia absorve 80% do valor exportado.

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