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Norte de Gaza está a viver as “horas mais sombrias” da guerra

Data de publicação
25 Outubro 2024
16:19

O Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos afirmou hoje que o norte da Faixa de Gaza está a viver as suas “horas mais sombrias”, advertindo de que as ações de Israel podem constituir “atrocidades criminosas”.

“A situação agrava-se de dia para dia de forma inimaginável. As políticas e práticas do Governo israelita no norte de Gaza arriscam-se a esvaziar a zona de todos os palestinianos. Estamos perante o que pode equivaler a atrocidades criminosas, incluindo possíveis crimes contra a humanidade”, sublinhou Volker Türk num comunicado.

“O exército israelita está a atacar hospitais, profissionais de saúde e doentes que são mortos, feridos ou necessitarão de ser de lá retirados. Há também ataques a escolas convertidas em abrigos, a comunicação com o mundo exterior continua a ser muito limitada e continua-se a assassinar jornalistas”, descreveu.

Segundo o responsável do Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, registaram-se “mais de 150.000 mortos, feridos ou desaparecidos na Faixa de Gaza” desde o início da guerra entre o movimento islamita palestiniano Hamas e Israel, há mais de um ano.

“E o número poderá aumentar dramaticamente, tendo em conta a intensidade e escala das operações atualmente em curso no norte” do território palestiniano, vincou.

“O norte de Gaza está a ser incessantemente bombardeado”, alertou, apelando à comunidade internacional para reagir, preocupado com o facto de “o Exército israelita ter ordenado a deslocação de centenas de milhares de pessoas, sem qualquer garantia de regresso”.

Reiterou que existe um “acesso extremamente limitado” ao norte de Gaza, onde “praticamente nenhuma ajuda conseguiu chegar durante semanas, devido à manutenção de restrições ilegais” por parte de Israel.

Türk criticou também os grupos armados palestinianos que operam a partir de campos de refugiados e outras zonas civis, colocando em risco a população civil, “o que é totalmente inaceitável”.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 97 dos quais continuam em cativeiro, 34 deles entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 385.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza quase 43.000 mortos (quase 2% da população), entre os quais 17.000 menores, e mais de 100.500 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.

O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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