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Mais de uma dezena de médicos está em greve na Região

JM-Madeira

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Data de publicação
17 Outubro 2023
14:47

Na Região, são pelo menos 11 os médicos que se juntaram à greve de dois dias convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), em defesa da carreira médica e do Serviço de Saúde no país.

Isso mesmo indicou ao JM Letícia Abreu, representante regional do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS), que, no entanto, ressalva que podem ser mais os profissionais de saúde desta classe que integraram esta manifestação, uma vez que a contabilização ainda está a ser feita.

Além do mais, alertou a responsável, enquanto alguns médicos cessaram a sua atividade durante o dia de hoje em gesto de protesto, outros fá-lo-ão amanhã, havendo, no entanto, alguns que optaram por cumprir esta greve nos dois dias estabelecidos.

Todavia, ao Jornal, Letícia Abreu sublinha que a razão desta paralisação pelos médicos madeirenses não se deve à forma como têm sido tratados pela Região, mas sim pelo descontentamento com matérias que são da pendência da República, como é o exemplo das tabelas remuneratórias e o pagamento das horas extra, bem como pelo receio que têm de que as medidas propostas pelo Ministério da Saúde venham "perigar" o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) conquistado na Madeira.

Isto porque, explicita a sindicalista, este é um acordo que "protege em parte os médicos na Madeira", mas sobre o qual se podem refletir negativamente as decisões tomadas a nível nacional.

No entanto, para a dirigente regional do SMZS, o ACT estabelecido na Madeira devia antes servir de "exemplo" e de modelo para restituir a paz necessária a esta classe no restante território nacional, que vive agora uma situação de "descalabre" em diversas unidades hospitalares, justamente face à falta de médicos e excesso de horas extra.

"Se o ACT acordado na Madeira fosse copiado, resolveria muitas das questões a nível nacional. Não resolveria tudo, mas ajudava", vincou Letícia Abreu, que mais considera que as medidas propostas configuraram um verdadeiro "terrorismo jurídico", dadas as incongruências que manifestam.

A este propósito, mais recordou que as carreiras dos profissionais médicos continuam congeladas. "Posso fazer o melhor em formação na minha área, tentar melhorar técnicas e conhecimentos e não saímos do mesmo patamar! É como ter excelente aproveitamento, envelhecer e não sair da 4a classe!", condena a médica, que lamenta ainda a atribuição de "um suplemento irrisório para obrigar a ficar adstrito ao [serviço] público", ao mesmo tempo que "aumentam as horas extra até 250h e não permitem o descanso após serviço de urgência".

"É como ir num avião com um piloto que fez horas de voo a mais e não descansou", atirou.

No que diz respeito à Região, a sindicalista garantiu que os serviços mínimos, nomeadamente na Diálise e nas Urgências, estão assegurados.

República precisa de ouvir os médicos madeirenses

Não obstante recursar-se a comentar greves unilaterais, Lídia Ferreira, secretária regional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), sublinhou, de igual modo, que na Região existem diversas reivindicações que "são do âmbito do governo da república" e que "ultrapassam a capacidade de a autonomia poder mais uma vez diferir do que no continente existe".

"Na região, os médicos também precisam que o Governo da República os oiça", frisou, apontando que também o SIM tem uma agenda de greves a fim de fazer ouvir as suas preocupações junto da tutela.

No entanto, no que à Madeira diz respeito, sublinhou as várias conquistas da classe junto das autoridades regionais "com o intuito de correr um caminho que vise dignificar o trabalho [dos médicos] e promover uma saúde regional que venha a conseguir não estar a sente em serviço de urgência". Entre estas destaca o limite anual de 150 horas extraordinárias, o trabalho de urgência após as 150 horas majorado como reconhecimento da penosidade que acarreta, o cumprimento da calendarização dos concursos de graduação, o início e manutenção da avaliação de desempenho já assente no SIADAP simplificado que na Madeira foi conseguido e a manutenção da vontade em negociar uma dedicação exclusiva ao público.

85% de adesão a nível nacional

Denote-se que a nível nacional, a adesão a esta greve ronda os 85%, conforme indicou à agência Lusa a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que convocou a paralisação e que fala ainda em constrangimentos em cirurgias e consultas.

A paralisação acontece cinco dias depois de os sindicatos se terem reunido com o Ministério da Saúde e de estar marcada uma nova ronda negocial para a próxima quinta-feira.

O descontentamento dos médicos tem sido manifestado com greves e com a entrega, por cerca de 2.500 clínicos, de minutas de declarações de dispensa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, que tem provocado constrangimentos nos serviços de urgência de vários hospitais do SNS.

[notícia atualizada às 17h30]

Edna Baptista/Lusa

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