Inaugurou esta sexta-feira na Galeria Casa das Mudas - Museu de Arte Contemporânea da Madeira a exposição ‘Partícula’ de Agostinho Santos, com a curadoria de Valter Hugo Mãe.

A mostra, que representa a primeira exposição individual de Agostinho Santos na Madeira, reúne 95 trabalhos, entre os quais desenho, pintura e instalação, e estará patente naquele espaço cultural até 14 de julho.

Na inauguração, o jornalista, pintor e curador independente que já realizou inúmeras exposições individuais e coletivas a nível nacional e internacional, disse estar muito satisfeito com a forma como ‘Partícula’ ficou exposta, arriscando referir que, apesar de "pequenina", é das suas "melhores exposições". Nesta abertura, deixou ainda vincado o desejo de expor na área principal do MUDAS num futuro próximo.

Referindo-se ao curador, Agostinho Santos enalteceu o facto de Valter Hugo Mãe ter o dom de pôr "as obras a falar".

Valter Hugo Mãe, por seu turno, explicou que a exposição se divide em dois núcleos, um deles com obras "muito recentes que estão expostas de forma simples, sem que o modo expositivo intervenha na leitura da obra", e um segundo no qual os exemplares são como que retirados "do seu sossego" e colocados "num aparato muito mais excessivo" e relacionado com a arte popular, caraterísticas que, conforme frisou, vão ao encontro da própria personalidade de Agostinho Santos. No fundo, a exposição convoca "o que é do povo, e o que é mais ancestral e informal para um espaço que tendencialmente é mais académico". "É uma alegria estar na Madeira e nesta casa", disse o conhecido escritor.

Na ocasião, o secretário regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, salientou que esta é uma exposição que vem reforçar a oferta que a Casa das Mudas tem vindo a promover através da sua programação anual, neste caso com Agostinho Santos, que "tem a particularidade de ser um artista que invoca muito o seu passado", e que é "uma fonte de inspiração para a criatividade mas também para a utilização multifacetada da base do seu trabalho, onde a reciclagem é uma das componentes presentes". O governante elogiou a capacidade de o artista transformar materiais normalmente não reaproveitáveis, dando-lhes uma "forma de comunicação sobre o chapéu da arte".

Relevou também a curadoria de Valter Hugo Mãe, que empresta a esta coleção de obras de arte "uma linguagem que nos dirige para uma reflexão e que nos diz muito respeito, neste caso como elementos de um arquipélago onde cada um dos seus residentes acaba por ser uma ilha que precisa de comunicar com as outras".

Catarina Gouveia