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Artigo de Opinião

11/12/2021 08:01

O objetivo é falar abertamente de Saúde Mental. Normalizar. Saber que, ali ao lado, existem histórias e relatos profundos tão ou mais complicados que os nossos. E que, para todos, existe um caminho. Porque isso faz falta no nosso país.

Dados da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental dizem-nos que Portugal é o segundo país com a mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas da Europa. Entre as perturbações psiquiátricas, as de ansiedade são as que apresentam uma taxa mais elevada e, neste âmbito, há que referir que as perturbações mentais e do comportamento representam 11,8% da carga global das doenças em Portugal, mais até do que as doenças oncológicas.

Recentemente, o psiquiatra Daniel Sampaio reiterou que a pandemia fez aumentar a ansiedade e a depressão nos portugueses.

De acordo com um inquérito conduzido pela UNICEF e a Gallup, em 21 países, 1 em cada 7 jovens entre os 10 e os 19 anos vivem com um distúrbio mental e 1 em cada 5 entre os 15 e os 24 anos sentem-se deprimidos. Todos estes problemas foram agravados pela pandemia.

Em Portugal, a Ordem dos Psicólogos, estima que 2,3 milhões de cidadãos necessitam de apoio psicológico. De acordo com esta Ordem, o Serviço Nacional de Saúde apresenta um "quadro prévio já de claríssima insuficiência, subfinanciamento e disparidades de acesso", sendo necessário reverter esta situação para "mitigar o impacto psicológico da crise, a curto e a longo prazo, bem como para prevenir problemas e promover a saúde psicológica, o bem-estar e a qualidade de vida dos portugueses".

O Presidente do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos, António Reis Marques, é perentório em afirmar que "a Saúde Mental em Portugal tem um longo histórico de ausência de investimento público (…) que muito tem contribuído para o estigma associado às patologias mentais e para o atraso sistemático na implementação das reformas necessárias."

Na Madeira, está em curso a Estratégia Regional Para a Promoção da Saúde Mental 2019 - 2022 que assenta em vários eixos, nomeadamente o reforço da investigação, a dinamização de programas de educação e sensibilização da população para a promoção da saúde mental e a prevenção, a reintegração na comunidade ou, por exemplo, a reestruturação do modelo de organização e financiamento dos serviços de saúde mental.

Entre 2015 e 2019, o Governo Regional investiu já 60 milhões de euros na área da saúde mental e, para 2022, estão reservados 70 milhões de euros que acompanham o aumento da comparticipação diária das casas de saúde, o reforço da rede de cuidados continuados nesta área e das respostas na comunidade, bem como de recursos humanos, a implementação de novos projetos para acompanhamento de doentes mentais, o alargamento do projeto "Juntos no cuidar" e o reforço da formação especializada em saúde mental e psiquiátrica.

O investimento, como o caminho, é gradual. A tarefa, essa, é de todos nós. Precisamos de deixar de lado o estigma porque esse é, inequivocamente, um enorme problema quando falamos de doença mental. Normalizemos. Falemos abertamente e facilitemos o caminho. Para todos os labirintos há, sempre, uma saída.

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