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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

7/05/2023 06:30

Todos os chamamentos que vêm de Deus comovem. A vocação tem muitos aspetos espontâneos e pessoais, que não se justificam racionalmente, mas que formam a pessoa. A nossa pessoa é aquilo que nós somos. Quando é vivida pessoalmente, a vocação é parte integrante da identidade desta pessoa. A Bíblia apresenta narrações típicas de vocações Isaías, Samuel, Jeremias, David e ate? Maria Mãe de Jesus. Todas elas têm aspetos diferentes.

Uma das pessoas que mais me impressionou nos meus verdes anos, foi a pessoa de Charles de Foucauld, da sua espiritualidade, misticismo, e, ao mesmo tempo dos defeitos e paganismo da sua vida, principalmente na sua vida militar. A França deu à Igreja santos muito originais e com grande influência na vida cristã, Santa Teresinha do Menino Jesus, dentro do Carmelo é Padroeira das Missões e doutora da Igreja; o Santo Cura de Àrs era considerado pouco inteligente no latim, e, de Paris, vinham doutores para o escutar; Bernardete Soubirou era pobre e ignorante e tornou-se, a santa de Lourdes; Joana d`Arc dirigia um exército vestida como um soldado etc.

Em relação a São Charles de Foucauld encontrei, tanto em Jerusalém como em Roma e França, dezenas de mulheres jovens que surgiram na Igreja após a sua morte e se dedicavam aos serviços mais pobres e humildes com simplicidade e alegria.

O Papa Francisco, no seu livro "Fratelli tutti" propõe como paradigma de amizade social e de uma tão necessária fraternidade universal a santidade do Santo Charles de Foucauld.

A santidade do Padre Foucauld, segundo M. Villanueva, é entendida como um caminho de humanização ao longo do qual ele se vai expondo e abrindo progressivamente a Deus que o guia através das circunstâncias, e sob cuja misericórdia vai abandonando os seus próprios ideais e desejos de perfeição, para penetrar numa existência confiante e cada vez mais acessível aos outros, da qual já não pode dispor como tinha imaginado, Pouco a pouco, vai-se assimilando a um Jesus mais vulnerável e permanentemente oferecido.

A viagem deste "Irmão Universal" é ao mesmo tempo solitária e procurando sempre o último lugar, quando na realidade era um francês muito culto, com muitos estudos

linguísticos que foram premiados em França, pelos estudos das línguas dos tuaregues e de outros grupos africanos. Ele une a vida de eremita no deserto ao missionário de povos muito atrasados, de homem ansioso do silêncio, mas dedicando muito tempo a ouvir os humildes homens que vivem sobre as areias do deserto de Tamanrasset dedicando muito tempo a aprender e escrever uma língua que lhe vai possibilitar os encontros com rostos dos mais afastados, vivendo uma existência adorante da eucaristia e fraterna com os vizinhos e visitantes do exército francês. Apesar de viver tão distante do mundo cultural francês, tinha tempo para amigos íntimos, como o abade Huvelin de Paris, seu confessor e conselheiro, sua irmã Marie de Blic, sua prima Marie de Bondi.

O Padre Charles pede ao bispo do Sahará, a devida autorização para o exercício da sua atividade, com o desejo de fazer o bem às almas, acompanhar os soldados, impedir que as sus almas se percam e santificar os povos infiéis, colocando no meio deles Jesus sacramentado.

A obra que despertou um grande interesse por Charles, apareceu em 1921, poucos anos após a sua morte em 1916 no deserto. O mérito de não se ter perdido a memória da sua vida e estudos no deserto africano, deve-se a estes seus familiares e amigos. A sua biografia foi escrita por Rene Bazin "Charles de Foucauld explorateur du Maroc, eremita du Sahara", Paris, Plon 1921. Antes da sua morte, em 1916, Charles escreve a Massignon. "O senhor René Basin, os seus pensamentos, estão em grande harmonia com os meus" Deus, que chama os que Ele quer, chamou e enviou João Batista a pregar no rio Jordão, ao Padre Charles, da nobre família francesa dos Foucauld, chamou e enviou ao deserto de Tamanrasset.

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