O número de mensagens anti-LGBTQI+ nas redes sociais em Portugal aumentou 184,85% nos últimos quatro anos, enquanto as mensagens de apoio diminuíram 12,05%, indica um estudo hoje divulgado.
Segundo o "Relatório Pride 2023" da consultora LLYC, que analisou mais de 169 milhões de publicações nas redes sociais nos 12 países onde está presente, em termos globais o discurso de ódio anti-LGBTQI+ registou um aumento 9,4% com uma diminuição de 41,25% nas mensagens de apoio.
O estudo indica que em Portugal a comunidade promotora do discurso LGBTQI+ diminuiu 12,05% enquanto a detratora aumentou 184,85% entre 2019 e 2022.
"Entre as principais narrativas promotoras dos portugueses destacam-se o apoio à comunidade LGBTQI+ através de menções acerca do apoio que artistas, meios de comunicação e séries dão à comunidade LGBTQI+", adianta o documento.
Acrescenta que há também mensagens que incentivam a denúncia de comentários homofóbicos nas redes sociais, promovendo a tolerância, a liberdade e o apoio, bem como críticas à homofobia internalizada na Igreja.
Entre as principais narrativas detratoras, destacam-se comentários de oposição por parte de utilizadores que se posicionam contra a comunidade através da utilização do conceito de "ideologia de género".
Nos 12 países analisados, o relatório conclui que "enquanto os Estados Unidos lideram as mensagens de apoio LGBTQI+, o Brasil destaca-se pelo oposto, embora o Equador, o Chile e a República Dominicana tenham as mensagens mais negativas, em proporção".
O relatório recolheu dados com recurso a técnicas de 'Big Data' (processamento de grandes volumes de dados) e Inteligência Artificial e analisou mais de 169 milhões de publicações nas redes sociais para perceber como evoluiu o diálogo entre as comunidades de detratores e promotores nos 12 países onde a empresa de consultadoria está presente - 10 na América (Estados Unidos, Brasil, México, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, Equador, Panamá e República Dominicana) e dois na Europa (Espanha e Portugal).
As principais narrativas de promoção identificadas no relatório estão relacionadas com o apoio do Presidente dos EUA, Joe Biden, à comunidade LGBTQI+; apoio à comunidade trans; celebração do Orgulho em todo o mundo; promoção do respeito pelas decisões relativas à identidade de género e apelos para que a bandeira arco-íris seja colocada em instituições importantes.
Nas narrativas depreciativas, dominam as referências à aversão ou ao ódio contra a comunidade, acusações sobre a denominada ideologia de género, críticas a alegados privilégios da comunidade LGBTQI+ e críticas à adoção por casais LGBTQI+.
Com o intuito de contrariar esta tendência de crescimento mensagens negativas, a LLYC está a lançar a campanha "Rainbot", o "primeiro bot (programa informático automático) que transforma ‘tweets’ odiosos em pequenos poemas de amor e apoio que celebrem a diversidade através da utilização da Inteligência Artificial generativa".
Lusa