Pelo menos quatro migrantes africanos morreram quando tentavam atravessar o oceano Atlântico em direção às Canárias, divulgaram hoje os serviços de emergência daquele arquipélago espanhol, onde as chegadas de migrantes irregulares aumentaram significativamente em 2020.
Na rede social Twitter, os serviços de emergência das Canárias informaram que a Cruz Vermelha, que socorreu um grupo de mais de 40 migrantes provenientes de países da África subsariana que conseguiu chegar à ilha de Tenerife, "confirmou quatro mortes" e o encaminhamento de outras três pessoas para unidades de saúde por causa de queimaduras e ferimentos ligeiros.
No grupo de migrantes socorrido constavam 17 menores e uma mulher.
Estas são as mais recentes vítimas mortais registadas (as primeiras este ano) na rota da África Ocidental em direção às Canárias, que é conhecida por ser extremamente perigosa.
As Ilhas Canárias são um arquipélago espanhol localizado a cerca de 100 quilómetros das costas de Marrocos e do Saara Ocidental que testemunhou ao longo de 2020 um aumento significativo dos fluxos de imigração irregular a partir de África.
Este aumento surge num momento em que acordos europeus estabelecidos com a Turquia, Líbia e Marrocos reduziram os fluxos migratórios no Mediterrâneo.
No ano passado, 1.851 migrantes morreram quando tentavam fazer a travessia em direção às Canárias, principalmente por causa das fortes correntes verificadas no Atlântico, segundo indicou um relatório publicado na semana passada pela organização não-governamental (ONG) Caminando Fronteras.
Ao longo do ano passado, foram registadas 23.023 chegadas de migrantes irregulares às Canárias, o que representou oito vezes mais que as 2.687 chegadas verificadas em 2019, de acordo com os dados do Ministério do Interior espanhol.
Esta vaga de chegadas sobrecarregou os centros de acolhimento de migrantes existentes nas Canárias, situação que se agravou perante todos os constrangimentos associados à atual pandemia da doença covid-19.
Vários milhares de migrantes chegaram a passar vários dias num centro de acolhimento provisório erguido no porto de Arguineguín (ilha de Gran Canaria), com muitos a dormirem no chão e ao relento e, durante o dia, expostos várias horas ao sol, segundo denunciaram várias ONG.
Em resposta, as autoridades de Gran Canaria transferiram os migrantes para um terreno cedido pelo Ministério da Defesa e para hotéis da ilha, enquanto o Governo espanhol lançou um plano de emergência que pretende criar 7.000 locais de alojamento temporário.
Lusa