Israel voltou hoje a ser palco de vários protestos contra a reforma judicial promovida pelo Governo de Benjamin Netanyahu, depois de a oposição ter abandonado esta semana o diálogo de tentativa de consenso das alterações, que dividiram o país.
De acordo com os organizadores dos protestos, citados pela agência EFE, "cerca de 120 mil pessoas compareceram pela 24.ª semana consecutiva em Telavive para dizer que Israel não será uma ditadura".
A empresa de estimativa de multidões CrowdSolutions estima que estiveram cerca de 100 mil pessoas nos protestos de Telavive.
Empunhando bandeiras israelitas e cartazes onde se liam frases como "detenham a ditadura", as manifestações replicaram-se, em menores proporções, em mais de 100 cidades de Israel, entre as quais Haifa, Carmiel, Nahariya e Or Akiva, bastião do partido de Netanyahu, Likud.
Embora com muito menos participantes, também aconteceram manifestações a favor da reforma judicial, que procura dar mais poder ao executivo em detrimento da Justiça.
O Governo de Netanyahu, o mais à direita da história de Israel, anunciou a reforma da Justiça dias após ter tomado posse, em dezembro passado, afirmando que o plano era necessário para controlar um poder judicial intervencionista.
Os opositores a Netanyahu sustentam que o plano é uma forma de a coligação de extrema-direita - um conjunto de partidos ultranacionalistas e ultraortodoxos - controlarem o sistema judicial do país, pondo em causa a independência do poder judicial, ou seja, o Estado de Direito no país.
A proposta de reforma governamental levou centenas de milhares de israelitas a protestar todas as semanas nas ruas em manifestações maciças, argumentando que estavam em causa os alicerces democráticos do país.
A contestação popular levou Netanyahu a suspender o plano em março e a abrir negociações, mediadas pelo Presidente da República, Isaac Herzog, e destinadas a alcançar um compromisso com a oposição.
A comissão para nomear juízes - que, entre outras coisas, aprova a composição do Supremo Tribunal - tem sido um dos principais pontos de discórdia em relação à reforma governamental.
Tanto a coligação no poder como a oposição estão habitualmente representadas na comissão de nove membros. Mas os proponentes da reforma exigiram que a coligação controlasse a comissão, o que levou a acusações de que Netanyahu e seus aliados estavam a tentar controlar o poder judicial.
A votação, por voto secreto, suscitou dúvidas sobre o controlo de Netanyahu sobre a sua coligação.
Desde que a reforma foi suspensa, em março, os protestos semanais continuaram a atrair dezenas de milhares de pessoas.
Lusa