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Artigo de Opinião

20/11/2023 04:18

Houve mais discussão em torno da avaliação de ações governativas do que debate de ideias para este programa de governo, que era ou deveria de ser, o foco da questão. A Assembleia teve a oportunidade de discutir pela primeira vez em 47 anos, um programa em sede de parlamento, com um paradigma verdadeiramente novo e democrático, sendo o momento propício para a troca de ideias e visões, apelando às diferentes sensibilidades das forças políticas representadas.

Ainda assim, por diversas vezes, preferiu usar-se o ataque do que propor medidas e soluções de forma positiva e construtiva em prol dos interesses da Região. Claro que existem falhas, e toda a população está, em princípio, ciente dos problemas atuais. É inegável que estamos perante uma crise habitacional, que continuamos com lacunas nas respostas ao nível da saúde, que continuamos a ter pessoas no desemprego ou que estão inseridas em programas, mas continuam em situação financeira e profissional instável, que ao nível do social é necessário apoiar mais as famílias, sobretudo as da classe média, numa altura em que vemos disparar o custo de vida, com o aumento generalizado dos preços.

Quem trabalha tem consciência que recebemos mal em Portugal, e quem tem sensibilidade para estas questões, compreende que ainda existe um longo caminho a percorrer em matérias de igualdade de direitos e oportunidades. É no parlamento que se deve discutir estas questões, e é a função dos deputados e deputadas eleitos e eleitas fazer ouvir as preocupações do eleitorado que representa, mas também de forma geral, de todos os madeirenses e porto-santenses. A maioria dos partidos apela a um discurso de que este programa de governo não traz nada de novo, mas se colocarmos os interesses políticos de parte, vemos as diferenças e que inclui um conjunto de medidas, que antes não seriam prioritárias, e que agora são uma realidade.

É evidente a preocupação e abertura para áreas, outrora, esquecidas ou negligenciadas, e que são agora uma aposta, no âmbito do acordo de incidência parlamentar assinado. É um programa que não se encerra nele mesmo, tendo durante os 4 anos que haver um trabalho sério e responsável por parte de todos, com diálogo e entendimentos para benefício da população, sem falsas demagogias e sem a permanente luta de egos. Devemos repensar o que funcionou e o que não funcionou, com a noção de que há questões que são complexas e nos dias de hoje surgem cada vez mais desafios, com grau de exigência muito mais elevado na resolução dos problemas da sociedade.

As mudanças levam o seu tempo, e nem sempre ocorrem nos timings que gostaríamos, e temos a consciência, do tempo que demorou a obtermos determinados direitos, nomeadamente direitos humanos básicos, o exemplo do longo caminho por direitos e iguais oportunidades às mulheres e que ainda não estão 100% salvaguardados, mantendo-nos alerta e que nos fazem discutir ainda nos dias de hoje, questões que deveriam ser óbvias e dadas como certas. Pelo referido anteriormente, não podemos fechar os olhos e encher-nos de discursos, esses sim vazios de significado e de sentimento, pensando que podemos mudar o mundo do dia para a noite.

Há coisas que levam tempo, e no que diz respeito às áreas ambientais e dos direitos dos animais, ainda estamos a percorrer um caminho, que deve ser percorrido de forma equilibrada, consciente e sem radicalismos.

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