O Governo Regional da Madeira e os municípios estão a falhar para com os seus cidadãos ao não tratar adequadamente a população de pombos fora de controlo. Os riscos para a saúde associados aos pombos estão bem documentados, incluindo a transmissão de doenças como a psitacose, a listeriose, a E. coli, a histoplasmose e a criptococose através dos seus dejectos, que podem ser transportados pelo ar e causar problemas respiratórios graves.
Além disso, a ameaça iminente de uma pandemia de gripe das aves agrava a urgência de abordar esta questão. Os peritos alertaram para o facto de as espécies aviárias, incluindo os pombos, poderem ser vectores de novas estirpes de gripe aviária, causando potencialmente uma pandemia que poderia dizimar as populações, levando a milhões de infecções e a perturbações económicas e sociais substanciais. A recente declaração de um surto de gripe das aves de “nível 4” no Reino Unido, onde o vírus passou das vacas para os seres humanos, sublinha a natureza crítica desta ameaça.
A Dra. Susan Hopkins, da Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA), sublinhou a elevada incerteza quanto à trajetória do surto e a ineficácia das atuais medidas de biossegurança. A possibilidade de o vírus da gripe A (H5N1) evoluir para se propagar entre os seres humanos durante a transmissão entre mamíferos é particularmente preocupante. A revisão da OMS das vacinas disponíveis para a gripe confirma a sua eficácia contra o vírus H5N1, sublinhando a necessidade de preparação.
Apesar de algumas medidas tomadas no Funchal, como a monitorização das zonas de nidificação, o encerramento do acesso a edifícios abandonados e a utilização de milho contracetivo, estes esforços têm sido insuficientes. A cidade continua a debater-se com uma elevada população de pombos que representam riscos significativos para a saúde pública.
Além do mais, o impacto ambiental é evidente. Os pombos contribuem para a degradação das infra-estruturas urbanas, uma vez que os seus excrementos ácidos corroem o metal e o tijolo. Também obstruem os sistemas de drenagem, provocando inundações e aumentando os custos de manutenção. A falta de controlo da população de pombos não só põe em causa a saúde pública, como também ignora os avisos dos especialistas mundiais em saúde sobre os perigos das doenças zoonóticas.
Governo Regional e municípios devem implementar estratégias mais robustas e abrangentes, tais como controlo populacional por via de alimentos contraceptivos (veja-se o caso da cidade do Quebéc e de Toronto), uma limpeza mais frequente das áreas públicas, e campanhas de educação pública reforçadas sobre os perigos de alimentar os pombos. Recursos suficientes para estas iniciativas de modo a garantir a sua eficácia e sustentabilidade.
É tempo de o Governo Regional da Madeira e os municípios tomarem medidas decisivas para proteger a saúde pública, preservar o ambiente e salvaguardar a qualidade de vida de todos os residentes. Ignorar este problema crescente não é uma opção, ainda para mais após os efeitos devastadores que a pandemia de COVID-19 teve sobre a economia madeirense.