Um editorial conjunto publicado hoje no portal da União Africana (UA) destacou a importância do Dia Contra a Corrupção em África, assinalando que este "grande problema" faz com que o continente perca 42,16 mil milhões de euros anualmente.
"A visão comum é de que África tem um grande problema com a corrupção", escreveram o consultor regional da Transparency International para África, Paul Banoba, e o secretário executivo do conselho consultivo da União Africana para a corrupção, Charity Nchimunya.
"África perde mais de 50 mil milhões de dólares [42,16 mil milhões de euros] anualmente através de fluxos financeiros ilícitos", afirmaram, citando valores recentes da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA).
Segundo os dois autores, África "tem perdido continuamente bens valiosos através destes fluxos ilícitos", não apenas dos seus recursos naturais, mas também de "estimados artefactos das sociedades" do continente.
"Estes fluxos impactam diretamente a qualidade de vida em África. Limitam os esforços de África para ajudar o seu povo a sair da pobreza, a alimentar e educar as suas crianças e a fornecer outros serviços básicos para os seus cidadãos", acrescentaram, reforçando que constringem também o continente na procura dos objetivos da Agenda 2063 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Daí, Banoba e Nchimunya sublinham a importância do Dia Contra a Corrupção em África, que em julho deste ano foi assinalado pela quinta vez.
"O Dia Contra a Corrupção em África constitui uma oportunidade para refletir no papel da corrupção em tudo isto. Para que os recursos africanos acabem ilicitamente em bancos estrangeiros, muitas pessoas terão de ter desempenhado um papel. Da mesma forma, os esquemas para extrair os recursos minerais de África, deixando pouco para o país anfitrião, envolve tipicamente uma rede de pessoas e empresas - tanto dentro como fora de África", acusam.
Os dois autores dão o exemplo de Angola como uma forma de este dia "partilhar boas lições e práticas".
"Os esforços de recuperação de ativos em Angola estão a dar os seus frutos. O Procurador-Geral angolano informou recentemente que o seu gabinete recuperou mais de cinco mil milhões de dólares [4,22 mil milhões de euros] em ativos em apenas um ano", registaram.
Apesar de "não haver muitas provas, até agora, de que a corrupção em África esteja a diminuir", os autores do texto dizem que há "fortes indícios de que os esforços estão a crescer" e "uma coordenação continental mais forte".
Lusa