Os emigrantes portugueses e lusodescendentes nos Estados Unidos têm um rendimento médio superior aos restantes residentes neste país, segundo um estudo promovido pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e hoje divulgado.
"Os lusodescendentes que falam português recebem, em média, mais 22% do que os outros residentes nos Estados Unidos", lê-se no estudo "Imigrantes e Lusodescendentes nos EUA no Século XXI".
Trata-se de um levantamento do perfil demográfico e socioeconómico atual da comunidade luso-americana nos Estados Unidos da América (EUA), tendo sido desenvolvido por um grupo de investigadores, com a coordenação de Alda Botelho de Azevedo, do Instituto de Ciências Sociais, da Universidade de Lisboa.
Outra conclusão é que 40% dos lusodescendentes nos Estados Unidos e que falam português têm o ensino superior, uma percentagem mais elevada do que os descendentes de portugueses que ali vivem, mas não falam português (31%).
Esta percentagem é quase 10 pontos percentuais acima da observada para os outros residentes nos EUA.
Segundo a investigação, que aborda o período 2016-2020, existem nos Estados Unidos 1.272.040 emigrantes portugueses e lusodescendentes, que representam 0,4% da população neste país.
A maioria (986.003) é composta por lusodescendentes não nascidos em Portugal e que não falam português. Seguem-se os lusodescendentes que falam português, também não nascidos em Portugal, (149.339), os imigrantes naturalizados, que nasceram em Portugal, mas obtiveram cidadania americana (98.810) e os imigrantes portugueses, nascidos em Portugal, mas sem cidadania americana (37.888).
Outro dado apurado é que os emigrantes portugueses trabalham mais horas do que os emigrantes naturalizados, que, por sua vez, trabalham mais horas do que os lusodescendentes que falam português. Os lusodescendentes que não falam português são os que menos horas trabalham, menos do que os outros residentes nos Estados Unidos.
Sobre as atividades laborais, um em cada cinco emigrantes portugueses trabalha na construção. Os lusodescendentes, particularmente os que falam português, têm uma maior percentagem de trabalhadores em atividades de consultoria, científicas e técnicas do que os outros residentes nos EUA.
No período em análise, os emigrantes portugueses e lusodescendentes com cinco e mais anos estavam presentes em todos os estados norte-americanos, mas mais concentrados nos estados de Massachusetts, Califórnia, Florida, Nova Jérsia e Rhode Island.
Na Califórnia vive a maior comunidade de emigrantes portugueses e lusodescendentes: 309.958.
Contudo, os investigadores identificaram uma tendência para uma maior dispersão geográfica dos descendentes de portugueses que falam português, a qual aparece associada a um crescimento do estabelecimento de residências em estados do sul e sudeste, com este grupo a aumentar em estados como a Florida, o Texas, a Geórgia e Nova Iorque.
O maior aumento deu-se na Florida, onde vivem 78.875 emigrantes portugueses e lusodescendentes, uma subida de 15 mil entre 2006/2010 e 2016/2020.
Lusa