Nem mesmo na época de estreia na primeira divisão (1977/78), e nas que levaram a duas descidas, num campeonato com 16 equipas, o Marítimo segurou a ‘lanterna-vermelha’ à 20.ª jornada.
Um regresso ao passado na história do Marítimo primodivisionário apenas consegue encontrar semelhanças com o atual momento de crise, em termos de resultados desportivos, nos primórdios da aventura no principal escalão do futebol português. Nem mesmo na época de estreia na primeira divisão (1977/78), e num campeonato com 16 equipas, os verde-rubros seguraram a ‘lanterna-vermelha’ à 20.ª jornada do campeonato.
A história diz ainda que o Marítimo, ao sofrer a sétima derrota consecutiva na temporada, na passada segunda-feira frente ao FC Porto, alcançou o pior registo desde que disputa campeonatos nacionais, no início da década de 70, segundo dados do playmakerstats, ‘braço’ estatístico do portal zerozero.pt, o qual detém o maior banco de dados desportivos ao nível nacional.
Para o mundo do futebol, os registos estatísticos e históricos valem muito pouco. Mas muitos outros setores de atividade são ferramentas indispensáveis para ajudar a planear e perspetivar o que está para vir, através da identificação de tendências. E esta última variável diz que o Marítimo está em risco de descer de divisão pela terceira temporada consecutiva, sendo que na presente se verifica um risco maior comparativamente às duas anteriores.
Do último lugar ocupado pelo Marítimo até ao sétimo pelo Moreirense distam apenas oito pontos. Ainda faltam 14 rondas para disputar, ou 42 pontos, mas o espaço de manobra dos verde-rubros ficará seriamente limitado sem uma reação enérgica e concertada por parte de toda a estrutura do clube, mas sobretudo por parte dos jogadores e equipa técnica.
Os erros individuais têm sido o ‘calcanhar de Aquiles’ do consulado de Milton Mendes (que pelos vistos vai ter mais uma oportunidade), mas as constantes mudanças operadas pelo técnico na equipa base também servem para explicar a instabilidade exibicional e a série de resultados negativos que atiraram o Marítimo para o último lugar.
Alguns erros de arbitragem também contribuíram para montar o cenário atual, mas no final da época, como sempre, a memória será sempre curta.
Temporada | posição | pontos |
---|---|---|
1986/87 | 14.º | 15 |
1985/96 | 12.º | 22 |
1984/85 | (II Liga) | |
1983/84 | (II Liga) | |
1982/83* | 13.º | 15 |
1981/82 | (II Liga) | |
1980/81** | 15.º | 14 |
1979/80 | 7.º | 19 |
1978/79 | 14.º | 13 |
1977/78 | 13.º | 13 |
(campeonato com 16 equipas) | *Descida como 14.º com 25 pontos | **Descida como 15.º com 23 pontos |
Pouco depois do final do jogo, começaram a ser partilhadas fotografias nas redes sociais do tempo em que o jogador representava o FC Porto, com o propósito de levantar suspeitas de premeditação na grande penalidade que o agora jogador do Marítimo cometeu e que acabou por dar o triunfo aos dragões.
O extremo português chegou a sair do terreno de jogo em lágrimas e foi confortado pelos colegas no balneário, mas para muitos adeptos a sentença de culpado, proferida com insultos de toda a espécie, nem sequer é passível de recurso.
Reagindo a esta situação, o Sindicato dos Jogadores condenou ontem os insultos, manifestações de ódio e ataques propagados pelas redes sociais contra Rúben Macedo, manifestando total solidariedade e apoio na defesa do seu profissionalismo, dignidade e bom nome.
Para o ex-árbitro Duarte Gomes, que agora faz análise para o jornal A Bola, o "golo inaugural do jogo cheio de minudências técnicas" e devia ter sido invalidado. "Edgar Costa fez mesmo falta sobre Sérgio Oliveira; a bola não entrou em jogo de forma correta (tinha de ser pontapeada e mover-se claramente, foi apenas pisada por Zaidu, e Sérgio Oliveira tocou-a depois duas vezes seguidas); Mbemba, que estava em jogo, não fez falta sobre o adversário; e a bola ainda desviou no braço de Léo Andrade mas sem infração (a ser deliberada, o golo seria validado e teria de ver amarelo). Tudo num único lance", escreveu o especialista.
Raul Caires