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Artigo de Opinião

Advogada

30/06/2021 08:01

Na verdade, é tão triste não aceitar o outro que é sempre tão diferente de mim, porquanto não há ninguém igual a ninguém e é essa diferença que enriquece tanto este mundo!

Milos Zeman, o atual Presidente da República Checa, no passado dia 28 de junho, disse que para ele "os transexuais são nojentos".

Já a Hungria aprovou, no pretérito dia 15 de junho, uma lei que proíbe "todos os produtos, publicidade e informação que mostre pessoas gays ou transgénero menores de 18 anos, proibindo a presença de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e intersexuais (LGBTI) em publicidade social e proibindo qualquer programa de educação que mencione a existência de pessoas LGTB".

Não se olvide que o Presidente do Parlamento húngaro, László Kövér, em maio de 2019, comparou casais do mesmo sexo com filhos a pedófilos.

Continuando esta narrativa, ainda, temos a declaração do Primeiro-Ministro húngaro, Víktor Orban, proferida em fevereiro, em que disse que se um dos seus filhos fosse homossexual isso "seria um grande teste, mas até agora o Bom Deus tem-nos poupado a isso".

Bom…, o senhor Primeiro-Ministro húngaro necessita de voltar à catequese para alcançar que "Deus não castiga, que Deus é Amor"…, que todos pecamos quando nos afastamos do Amor que "é paciente, prestável, que não é arrogante, nem orgulhoso, que nada faz de inconveniente, que não procura o seu próprio interesse, que não se irrita, que não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade!

A vida ensina, e de um modo extraordinariamente brutal, aos defensores das ocas virtudes que os (supostos) virtuosos têm tantas ou mais fragilidades que os demais. Cada um de nós, a pessoa, e independentemente da sua orientação sexual, é um ser muito querido e amado por Deus que tem uma especial predileção pelos mais fragilizados.

O respeito pela dignidade da pessoa humana não pode conviver com pensamentos e leis que discriminam um grupo de cidadãos, com base na dita orientação sexual e identidade do género. Não existem cidadãos de primeira e os outros … que (para alguns) são "nojentos".

Como é possível que em pleno século XXI tenhamos líderes europeus que proferem declarações que violam o artigo 14.º da "Convenção Europeia dos Direitos Humanos"? E que Portugal se tenha escudado na Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia para não acompanhar, de imediato, a "Declaração de Repúdio", à aprovação da mencionada lei húngara, que já se encontra assinada por 17 estados - membros da União Europeia. Como referiu Teresa de Sousa, a neutralidade exige-se relativamente às políticas e não no que concerne aos valores fundamentais.

A ausência de coragem para o compromisso faz com que contribuamos para que líderes e políticas discriminatórias possam surgir a cada dia que passa.

Os nossos filhos merecem viver num Mundo, numa Europa que não marginalize, que não estigmatize, que não coloque, ilidimamente, fardos na vida dos outros, quando as suas vidas são tão leves.

Conheço casais heterossexuais, casais homossexuais, jovens que namoram com pessoas do mesmo sexo e outros jovens que namoram com pessoas do sexo oposto e todos são pessoas tão importantes e valiosas para o desenvolvimento de uma sociedade, de um Mundo que se pretende responsável e que deve salvaguardar, sempre, a dignidade da pessoa humana.

Que ninguém sinta vergonha de ter um filho homossexual, um colega, um amigo…, vergonha, como dizia a minha avozinha, é roubar…, vergonha é não utilizar todos os instrumentos que temos ao nosso dispor para combater a aprovação de leis discriminatórias, injustas, que tantos danos podem causar aos nossos amigos, aos nossos familiares..

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