A Agência Internacional de Energia Atómica (AEIA) reiterou hoje o pedido de acesso ao local onde é medido o nível de água do reservatório usado para arrefecer os reatores da central nuclear ucraniana de Zaporijia, face a dados contraditórios.
Os peritos da AIEA, em presença permanente no local, que fica no sul da Ucrânia, "precisam de acesso para clarificar a razão da discrepância significativa observada entre várias medições", indica um comunicado do organismo da ONU.
"Espero que possam deslocar-se ao local muito em breve para procederem a uma avaliação independente da situação", insistiu o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, que deverá visitar o local nos próximos dias.
Na terça-feira, a destruição da barragem de Kakhovka, no rio Dnieper, provocou inundações nos municípios vizinhos e suscitou preocupações quanto à central nuclear de Zaporijia, a maior da Europa, situada 150 quilómetros a montante e ocupada pelos russos.
Desde a catástrofe, pela qual ambas as partes se culpam mutuamente, o nível da barragem desceu "rapidamente", passando de 17 para 11,27 metros hoje de manhã, segundo dados recebidos pelos funcionários da AIEA.
Mas as informações são agora divergentes: enquanto a direção da central informou no fim de semana que o nível tinha "estabilizado", "a descida parece continuar noutros pontos do enorme reservatório, provocando uma possível diferença de cerca de dois metros", o que é um "parâmetro fundamental para a gestão das bombas", diz a AIEA.
Atualmente, as bombas não estão a funcionar em permanência, uma vez que a central pode contar com uma grande bacia de retenção e outras reservas suficientes "para vários meses", como sublinha a AIEA.
Apesar de os seis reatores terem sido desligados há meses, é preciso arrefecer constantemente o combustível nos núcleos das unidades "para evitar um potencial acidente de fusão e libertações radioativas no ambiente".
A central de Zaporijia foi alvo de fogo decorrente das lutas entre russos e ucranianos e a rede elétrica já foi cortada sete vezes desde que o exército russo a tomou em 4 de março de 2022, dez dias após o início da invasão da Ucrânia.
Lusa