As críticas do Chega Madeira são dirigidas a Rogério Gouveia, na sequência de afirmações proferidas ontem na assinatura do protocolo de cooperação entre o Governo Regional da Madeira e o Banco Português de Fomento, materializando uma parceria que já vinha sendo colocada no terreno desde a criação, há pouco mais de dois anos.
O partido recorda em comunicado que na ocasião, Rogério Gouveia, secretário regional das Finanças fez questão de observar que "a recuperação da economia da Madeira não se fez por milagre", referindo-se ao impacto da pandemia da covid-19 no tecido empresarial madeirense e nas contas regionais. Na ótica do governante, para essa recuperação "quase imediata" terá contribuído a pronta ação do Governo Regional, nomeadamente através de medidas de apoio às empresas e às famílias, notou.
Porém, para Miguel Castro, presidente do CHEGA-Madeira, as observações do secretário com a tutela das Finanças estão feridas de hipocrisia, pois denotam uma dose inaceitável de desconhecimento da realidade social madeirense, assim como uma tremenda falta de sensibilidade para as condições de vida de milhares de famílias trabalhadoras. "Percebemos que, com as eleições à porta, o governo e o PSD queiram por a sua melhor cara e usar todos os expedientes para mandar para a sociedade uma visão idílica da sua própria governação. Porém, a política não pode ser um jogo do vale tudo, no qual a verdade é moldada para servir as conveniências partidárias de quem está no poder. Por isso, observações como aquelas proferidas pelo secretário das Finanças não vão passar pela simples razão que não correspondem, de todo, à realidade da nossa sociedade, cada vez mais pobre."
Para o líder do CHEGA-Madeira, "O secretário foi extremamente infeliz no 'numerozinho' que quis fazer para a comunicação social, pois o milagre da economia da Madeira apenas existe aos olhos que quem não sai dos corredores do poder, atravessa a cidade de motorista e não vem à rua falar com as pessoas e perceber como é que elas estão a viver. Se houve milagre, foi para as empresas com ligações ao governo ou para um punhado de indivíduos que gravitam à volta da máquina laranja, que é para quem a governação anda a ser feita. Todos sabemos quem são, o que fazem, como operam e de onde lhes vêm os milhões."
O presidente do CHEGA-Madeira argumenta que totalmente diferente é a realidade de milhares de cidadãos, que não sabem o que é o milagre da economia regional, mas sim a pobreza que a governação social-democrata lhes trouxe. "Como é que o secretário se atreve a falar de recuperação quando mais de 74 mil madeirenses vivem em risco de pobreza? Como fala de recuperação quando cresce o número de pessoas em risco de entregar a casa ao banco? Como é que fala da maneira que fala quando os salários são uma miséria? Quando as pessoas não conseguem pagar o básico? Quando há pessoas a passar fome e a fazer enormes sacrifícios para conseguir sobreviver? Ficava bem ao secretário a humildade de reconhecer o quão penosa é a vida de um número cada vez maior de madeirenses e de respeitar aquilo que estão a passar, não fazendo declarações absurdas como as que fez." Para Miguel Castro, "Brincar com os números e com as estatísticas é fácil. Mas, quem tem os olhos abertos sabe que a estatística da vida de tantos cidadãos não bate certo com as contas do governo."
A juntar a isto, Miguel Castro desafia o PSD a focar-se mais na ação em prol dos cidadãos do que em indecorosos episódios de campanha política. "Era muito melhor para a Madeira se o governo viesse a público afirmar que vai explorar o diferencial fiscal, que é algo que não faz e que nos leva a ter o IVA mais alto de todas as regiões ultraperiféricas. Era bom que falasse em aumentar salários, em por um fim à especulação imobiliária e em acabar com o seu próprio despesismo em viagens, estudos e gabinetes que não fazem nada pelo Povo. Isso, sim, seria governar. Mas o governo prefere fazer campanha, o que nos leva a acreditar que o milagre da economia da Madeira só vai começar quando o PSD deixar de ser governo."