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Artigo de Opinião

Gestor do Europe Direct Madeira

1/04/2021 08:03

Pelas piores razões, parece-me que o "dia das petas" tende a repetir-se diversas vezes ao ano. O surpreendente mundo das redes sociais, não tendo o exclusivo da responsabilidade na propagação da mentira, têm seguramente uma parte significativa do (de)mérito da disseminação de informação mal-intencionada (desinformação) ou desenquadrada com a verdade (informação errada) e, por isso mesmo, o Plano de Ação para a Democracia Europeia prevê a revisão do Código de Conduta sobre Desinformação num quadro de corregulação das obrigações e de responsabilidades dos gigantes das plataformas online.

À margem dessa situação - cuja solução passa, em parte, pela nossa (e só nossa!) responsabilidade na leitura mais atenta dos conteúdos informativos e na partilha ponderada da informação que acedemos, outra questão se levanta: a alegada falta de informação!

Num percurso profissional onde as ações informativas sobre assuntos europeus marcam presença regular, constato frequentemente o lamento dos jovens em relação à informação que supostamente não dispõem. Tal não significa, porém, que ela não exista! Se alguma queixa é aceitável neste domínio será, eventualmente, a dificuldade em pesquisar eficazmente os conteúdos informativos desejados, num mundo virtual repleto de informação sobre as mais variadas temáticas europeias. Porventura, reconheceria uma crítica legítima aos sites e plataformas das instituições europeias que se prende com o facto da informação não se encontrar, na sua globalidade, disponível nas 24 línguas oficiais, tal como seria desejável.

Esta situação levanta uma questão igualmente importante: o que fazer em matéria de comunicação relativamente às faixas etárias seniores e eventualmente menos dotadas de competências digitais para acompanharem este admirável mundo novo da informação online? Sendo claro que "o futuro aos jovens pertence", parece-me igualmente lógico que não poderá haver omissão na estratégia de comunicação das instituições europeias em relação aos menos jovens. Desde logo, pelo facto de serem cidadãos de pleno direito, mas também porque vivemos numa Europa onde o envelhecimento demográfico atinge patamares verdadeiramente preocupantes (em 2020, 20,6% da população europeia tinha 65 ou mais anos de idade!), não parecendo haver uma estratégia ou sequer uma manifesta e declarada preocupação naquilo que poderá vir a ser uma "emergência demográfica", a juntar-se portanto a outras emergências não menos graves, tal como a climática, para a qual existe já uma resposta muito concreta e perfeitamente estruturada - o Pacto Ecológico Europeu.

Dito de outra forma, diria que o argumento da "falta de informação" é irrealista, sendo necessário, contudo, continuar a trabalhar na organização e sistematização da informação disponível, aproximando cidadãos e instituições europeias. Da mesma forma que será importantíssimo reforçar a participação dos cidadãos através dos mecanismos que dispõem (e não são assim tão poucos!). Nesse sentido, o grande destaque vai sem qualquer sombra de dúvida para a Conferência sobre o Futuro da Europa, que abrirá caminho ao lançamento de um novo ciclo de debates que permitirão aos cidadãos europeus se exprimirem e dizerem em que Europa querem viver, através de um fórum público, inclusivo, aberto e democrático, onde os problemas reais dos europeus sejam o verdadeiro foco do debate. Em suma: dar voz aos cidadãos sobre os assuntos que realmente lhes interessam.

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