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Artigo de Opinião

4/05/2024 08:00

Liberdade. É palavra que anda na boca de muitos, escrita por outros tantos, mas praticada na sua plenitude por muito poucos. Há quem se arrogue da sua defesa, se lembre dela uma vez por ano ou que só a use quando julgue dar jeito à causa, que se inclina normalmente em benefício próprio. Falar de liberdade e democracia soa bem, veste bem e parece ainda melhor, mas quando verbalizado de forma subvertida por quem se julga dono da razão e senhor soberano da verdade, é destituir estas palavras do seu valor e do seu significado. Este não é certamente um complexo novo, mas tem aquela marca indelével de quem apregoa a liberdade e a democracia sempre condicionadas à concordância. Há quem só aceite resultados de actos exercidos dentro de um estado de direito e democrático, se forem em seu benefício. Há quem queira que se aceitem estabelecer pactos que diminuem e restringem a liberdade de escolha, associação e coligação, como se isso fosse defender ideais ou doutrinas político-partidárias. Há quem ache que ser livre é pôr em causa a liberdade (e não raras vezes a inteligência) dos outros, dos actos por eles praticados, dos sistemas implementados, das instituições democráticas, sociais, desportivas, cívicas e políticas. A liberdade não é para ser usada apenas quando dá jeito, quando acabam compadrios e colidem interesses pessoais.

Verde: O manifesto dos 50

“Por uma reforma da justiça em defesa do Estado de Direito Democrático” é o título do manifesto com 10 pontos e assinado por 50 personalidades do nosso país, provenientes dos mais variados quadrantes políticos e partidários, que pedem por uma reforma urgente do sistema da Justiça. O documento chama à atenção para “as montagens do já habitual espetáculo mediático, nas intervenções do Ministério Público contra agentes políticos, a par da colocação cirúrgica de notícias sobre investigações em curso” que visam confundir e formatar a opinião pública “para a ideia de que todos os titulares de cargos públicos são iguais e que todos são corruptos até prova em contrário.” O documento é também contundente ao lamentar que “tivéssemos atingido o penoso limite de ver a ação do Ministério Público gerar a queda de duas maiorias parlamentares resultantes de eleições recentes.”

Este atropelo ao estado de direito e esta interferência do poder judicial no poder político, que visa o ganho partidário, que é instrumentalizada e que não zela pelos verdadeiros interesses dos portugueses tem de ser estancado. O povo tem de estar atento ao truque e à manipulação.

Amarelo: A imunidade parlamentar

Mais do que imunidade parlamentar interessa a imunidade auditiva para fazer face às asneiras que se ouvem e leem.

Vermelho: O efeito borboleta

No conto “Um som de trovão” de Ray Bradbury, o autor descreve como uma viagem ao passado alterou a ordem natural dos acontecimentos e a forma como isso mudou radicalmente a história no presente. A narrativa mostra como o personagem principal, Eckels sai do trilho estabelecido e gera, nesse momento, uma série de eventos subsequentes, que levam a uma alteração drástica na política, na linguagem e na própria sociedade. O autor, através desta distopia, alerta para o ténue equilíbrio que regula o Mundo e como um simples acto pode ter consequências devastadoras no futuro. É um alerta sobre as consequências imprevisíveis das nossas ações, uma crítica incisiva sobre a arrogância humana, a desconsideração pelas consequências e a delicada relação entre todas as coisas. A extensão e o grau das consequências dependem da situação, dos seus intervenientes e do efeito cascata do evento. A interferência grosseira, ostensiva e inversa aos princípios éticos, morais e políticos que devem reger quem se arregimenta debaixo da mesma bandeira poderá não obter o resultado esperado. Aí, uma vez mais, a consequência não se fará esperar. Para o bem ou para o mal.

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