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Artigo de Opinião

4/07/2022 08:00

Com qualquer pequena crise começamos logo a tremer das pernas. Quando o turismo baixa a economia fraqueja e, infelizmente, os momentos altos estão sempre associados a alguma convulsão política, noutro qualquer destino muito mais competitivo que o nosso. Não soubemos criar estabilidade e alguma previsibilidade, tão necessária para que não estivéssemos com o desconforto permanente da incerteza. Como será o próximo ano?

Há mais de 100 anos que somos um povo de emigrantes, feito de gente rija que soube procurar, noutras latitudes, as oportunidades que por cá não apareciam. Destinos como o Brasil, a África do Sul, a Venezuela e mais recentemente Londres e as Ilhas do Canal, foram os preferidos da maioria dos nossos conterrâneos. Terras de oportunidade, onde muitos tiveram sucesso. Souberam vingar em destinos longínquos, muitas vezes com uma língua que desconheciam. É um orgulho conhecer essa gente, na sua maioria pessoas simples, mas lutadoras.

Passado o longo período de fascismo em Portugal, era expectável que a nossa autonomia, associada à adesão à União Europeia, criasse todas as condições para, não só, fixar aqui a nossa população, como, também, criar oportunidades para que muitos desses, que passaram uma boa parte da sua vida emigrados, tivessem oportunidade de regressar à terra que os viu nascer. Infelizmente, essa não é a realidade, e isso só acontece quando os destinos de emigração sofrem reveses, na sua maioria das vezes provocada por políticas opressoras nos países de acolhimento, lançando assim a incerteza às nossas comunidades. É triste quando vemos os nossos governantes que aqui na região tanto apontam o dedo aos regimes ditatoriais além-fronteiras, mas, quando lá vão curvam-se de tal modo perante o ditador, que parecem fruta madura a cair de podre de uma qualquer árvore tropical. A recente fotografia junto às pinturas dos ditadores, mostram claramente que esse apontar de dedo serve apenas para discursos internos e para moldar os discursos contra os seus adversários políticos.

Temos de criar oportunidades aqui, na Madeira e no Porto Santo. O envelhecimento populacional exige que se fixem aqui os nossos jovens, que criemos políticas atrativas para o seu regresso, para que a emigração deixe de ser uma necessidade, para ser apenas uma opção.

A nossa autonomia precisa de evoluir, precisa de olhar para as pessoas como o seu maior ativo, é tempo de deixar o betão de lado (mas sabemos que o grande patrão não deixa). Precisamos de todos e de todas, estejam na Madeira, no Porto Santo ou em qualquer destino da nossa diáspora.

Precisamos de evoluir, precisamos de um outro caminho. Este, com 46 anos, está esgotado. Continua sob a vigilância do velho decrépito que nem sabe como se comportar numa sessão solene, mas que ainda manipula de forma hábil os meandros do poder. Prepara a vingança àquele que num passado recente o traiu, lançando assim o seu menino, o protegido do grande patrão que com discursos populistas e com muita ilusão pelo meio, vai tentando enganar alguns dos mais distraídos.

É preciso travar de forma definitiva as fugas da autonomia. Procuremos outros caminhos e o sucesso aparecerá.

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