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Artigo de Opinião

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17/08/2023 08:00

O Centro Comum de Investigação, em colaboração com o Parlamento Europeu e a Direção-Geral do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão da Comissão Europeia, apresentou recentemente um estudo sobre a solidão na UE, no âmbito de um projeto-piloto intitulado "Monitoring Loneliness in Europe". No seguimento, há pouco mais de 2 meses, foi organizada uma conferência de alto nível, em Bruxelas, que marcou a conclusão deste projeto-piloto e onde foram apresentados os resultados do trabalho desenvolvido.

Não parecem haver dúvidas que a solidão parece ser um problema de grande complexidade e relativamente generalizado, atingindo pessoas de diferentes origens, estados e idades. Não é um "problema de velhos", longe disso! É um problema concreto que, pela sua amplitude, representa um factor de risco para a saúde mental e física, com consequências para o indivíduo e para a própria sociedade. É importante perceber que a solidão e o "estar sozinho" não é necessariamente a mesma coisa! Enquanto o isolamento refere-se a um estado objectivo (como tal, mensurável) determinado pelos contactos sociais que um indivíduo desenvolve, a solidão remete para um estado de espírito, uma experiência subjectiva (negativa) de difícil avaliação. Quem nunca se sentiu só, mesmo estando acompanhado(a)?

Segundo o estudo, a solidão não é apenas uma questão do foro privado, pois "pode impedir a coesão social e deve ser considerada um problema social e tratada como tal". Aliás, esta questão surge oportunamente, numa altura em que a Comissão já apresentou a sua posição na ajuda aos Estados-Membros a tomarem medidas, em matéria de saúde mental. Com cerca de vinte iniciativas emblemáticas e oportunidades de financiamento no valor de 1,23 mil milhões €, esta abordagem abrangente pretende colocar a saúde mental no mesmo nível da saúde física. Entre as muitas ações previstas, inclui-se (inteligentemente) a promoção da consciencialização sobre a necessidade de combater a solidão e o isolamento.

Neste projeto-piloto, a pesquisa forneceu uma visão detalhada dos entrevistados (mais de 25 mil), relacionando-os com o uso dos mídia social e as suas atitudes sociais, sendo clara a associação entre solidão e potenciais problemas de saúde mental e física. Indivíduos solitários têm maior probabilidade de ficar deprimidos e tendem a envolver-se mais em comportamentos menos saudáveis. Por outro lado, parece haver uma correlação entre "o uso excessivo de sites de redes sociais e sentimentos de solidão. (..) O uso intenso de mídias sociais - definido como passar 2 horas ou mais por dia nas redes sociais - está, em média, associado a um aumento de 6,1 pontos percentuais na prevalência de solidão". E porque estamos em "vésperas" de eleições, talvez seja importante referir que os indivíduos solitários são mais propensos a apresentar níveis de confiança reduzida, retirando-se da participação política. Os que se sentem solitários são menos propensos a confiar nos outros (-27%) e mais propensos a não votar (+42%)!

Em suma, no meio de tanta interação digital (nalguns casos, meramente virtual), tudo indica que os jovens têm uma maior incidência de solidão, por comparação direta com as gerações mais velhas. Se pensarmos que existem factores de risco para a solidão, aos quais os jovens estão particularmente expostos, facilmente se percebe que as redes sociais em que se apoiam são, por vezes frágeis, aumentando significativamente o risco de solidão. Sejamos pragmáticos: as redes sociais podem até quintuplicar os nossos relacionamentos no mundo online, mas não substituem a qualidade da convivência ao vivo e a cores do velho mundo offline.

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