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Artigo de Opinião

Subdiretor JM

23/03/2024 08:05

Nem legislativas nacionais, nem regionais... Nunca subsistiram dúvidas de que a sobrevivência política de Miguel Albuquerque estava dependente, exclusivamente, dos militantes do PSD/M. E a resposta acabou por reforçar a sua liderança, embora os resultados também tenham deixado transparecer que há mais vida(s) e caminho(s) para a família laranja.

De facto, ao cabo de uma década, a única oposição capaz de fazer estremecer o líder social-democrata acabou por surgir internamente. Principalmente por demérito da oposição externa, que continua mais entretida em vencer e publicitar divergências pessoais aparentemente insanáveis, do que em encontrar formas de aproveitar as fragilidades do adversário.

Agradecerá Miguel Albuquerque, que voltou a vencer, desta feita o partido. Não esmagou a concorrência, é verdade, mas triunfou confortavelmente, com mais 10% do que a lista opositora. E teve ainda muitos mais votos do que esperariam todos os que vaticinavam o seu fim, assombrando-o com a sua condição de arguido e com as escutas que aí vêm, a galope, mais dia menos dia.

Manuel António Correia, diga-se, foi um digno perdedor. Com maior ou menor indignação sobre este ou aquele procedimento, não cometeu grandes equívocos desde que reapareceu politicamente. Disse o que pretendia e para onde queria ir. Mas terá praticado apenas um erro. Permitiu que outros surfassem uma onda que era apenas sua, por mérito próprio.

O candidato nunca proferiu uma palavra sobre questões da justiça. Nem precisaria, porque a ser trunfo – se é que alguma vez o seria – era uma questão mais do que mediatizada. Mas deixou que outros seus apoiantes, cada vez mais perdidos no mundo digital, esbracejassem armas judiciais de forma desabrida, diminuindo a sua mensagem aos militantes.

Manuel António Correia contou com todos, é verdade, mas houve alguns que o encararam como a última (ou a mais rápida) possibilidade de regressar à primeira linha da política madeirense. E para os que se encontravam na dúvida, terá sido esse o desequilíbrio da balança, com claro prejuízo para o candidato que agarraram como se não houvesse amanhã.

Agora, Albuquerque e demais direção têm caminho livre para definir o futuro do partido. E até podem ter um papel preponderante no Parlamento nacional. Albuquerque já disse que não precisa de Lisboa para nada. O mesmo não dirá Lisboa, agora comandada por Luís Montenegro...

Porque se a AD venceu as eleições, fê-lo com 80 deputados contra os 78 do PS. Somatório que compreende, todavia, um pormenor relevante: a AD conta com três deputados da coligação PSD/CDS na Madeira.

Face ao divórcio evidente entre Albuquerque e Montenegro, é legítimo pensar que os deputados do PSD/Madeira vão tentar obter os maiores proveitos possíveis para a Região, contornando os obstáculos que encontraram nos últimos anos no diálogo difícil que mantiveram com o Governo de Costa.

Está aberta mais uma guerra com Lisboa? Talvez. Mas como diria José Manuel Rodrigues, não há muito tempo: se um escudo é um escudo, três escudos terão ainda mais valor.

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