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Artigo de Opinião

9/06/2023 08:00

No livro são desmontadas, uma a uma, as "vacas sagradas" do pensamento político que, nos últimos cem anos, se autodenomina de "esquerda" (Hobsbawm, Thompson, Sartre, Foucault, Downhill, Habermas, Althusser, Lacan, Deleuze, Gramsci, Said, Badiou, Zizek, etc.).

Sobre a "direita", Scruton diz: "As pessoas que se descrevem como sendo "de esquerda", acreditam que as opiniões e os movimentos políticos, podem ser organizados em esquerda e direita. Ao mesmo tempo, através de uma inesgotável campanha de intimidação, os pensadores de esquerda têm tentado tornar inaceitável ser-se de direita. Habitualmente, não dão uma definição do que consiste "a direita", nem explicam porque os nacionais-socialistas, fascistas e liberais económicos deviam todos estar incluídos nesta categoria. No entanto, são claros em relação a uma coisa: uma vez identificados como de direita, os nossos argumentos são inaceitáveis, as perspectivas irrelevantes, o carácter desacreditado, a nossa presença no mundo é um erro. Não somos adversários com quem discutir, mas uma doença a ser erradicada".

E comento eu: tal comportamento "esquerdóide" não é mais do que o conceito de "totalidade" de Sartre, em que tudo o que não seja "revolucionário" (?!...) deve desde logo estar excluído, não ter Direito à cidadania.

E é a partir de aqui que outros dos pensadores acima mencionados justificam os crimes do comunismo com a benevolência do seu Objectivo, em si.

É nesta linha que, em Portugal, vemos a comunicação social deste Sistema Costa/Marcelo chamar "direita" a tudo o que não seja socialista ou comunista. Principalmente quando "cheira" a eleições.

O deserto dos pensadores desta pseudo-"esquerda" está na condenação dos defeitos que, às vezes, as Liberdades têm, porém sem serem capazes, um único deles, de propor uma estruturação e uma concretização de sociedade onde a pretendida "igualdade do ser" se afirme como solução melhor e mais prática do que o primado da Pessoa Humana, do que as Liberdades e do que o Desenvolvimento Integral.

A tragédia da pseudo-"esquerda" é que a alternativa que propõe ao Sistema capitalista, resume-se sempre em utopia.

Como escreve Scruton "propõem uma sociedade em que tudo o que torna uma sociedade possível - lei, propriedade, costume, hierarquias, Família, negociação, Governo e instituições - é eliminado".

No fundo, a pseudo-"esquerda" acha o socialismo "desejável", mas é incapaz de adiantar solidamente mais do que isto. Trata-se de uma "fé" em que a política se transforma em religião.

A "revolução" deles é destruir. Depois há-de se ver...

Uma "revolução" sem Teoria, sem Estratégia, sem conseguir desenhar convincentemente as instituições futuras.

Porque a pseudo-"esquerda" não quer aceitar que a única alternativa ao primado da Pessoa Humana e à Liberdade, é o totalitarismo, a escravidão das sociedades.

Esta pseudo-"esquerda" enterrou Kant que nos considera pessoas e que devemos ser tratadas como fins e não como meios. Ignora Aristóteles, "disciplinar os nossos apetites de forma a que a virtude triunfe sobre o vício". Marginaliza Hegel na nossa "realização enquanto sujeitos livres num mundo de objectos". Nem vê a distinção de Óscar Wilde entre "coisas que têm um valor e coisas que tem um preço".

A pseudo-"esquerda" mergulhou no dogmatismo de todas as coisas terem um preço.

Como a Pessoa Humana não tivesse Sentimentos, nem Referências, não professasse Valores.

O fim último das correntes socialistas é o disparate do o Estado (e a "classe" ditatorial que Dele se apoderou) ter o domínio de toda a vida em sociedade, o domínio de tudo o que exista, nada ser permitido fora do Estado.

Não existe vivência do Principio da Separação de Poderes.

Não temos o Direito de possuir. Não temos o Direito de educar os nossos filhos. Não é permitida a distinção entre a sociedade civil e o Estado. O Estado de Direito transforma-se no Estado de partido único.

A pseudo-"esquerda" recusa a Igualdade só ser possível com Liberdade.

E termino esta passagem pelo livro "Tolos, Impostores e Incendiários" mais uma vez transcrevendo Scruton: "De forma a afogar a ainda pequena voz da discordância, os partidos comunistas recorreram à ideologia - um conjunto de doutrinas a maior parte de uma imbecilidade surpreendente, concebidas para fechar os caminhos da inquirição intelectual. O propósito de tal ideologia não era o de fazer as pessoas acreditar nela. Pelo contrário, o propósito era o de tornar a crença irrelevante, livrar o mundo da discussão racional em todas as áreas em que o partido tomara posições. A ideia de uma "ditadura do proletariado" não pressupunha descrever uma realidade.

Pressupunha trazer um fim à inquirição, de forma a que a realidade não pudesse ser perceptível".

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