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Artigo de Opinião

Economista

17/06/2023 08:00

As reações partidárias às sondagens tendem a seguir um padrão: aqueles que estão à frente, dizem que nada está ganho e pedem para não desmobilizar o seu eleitorado, aqueles que perdem mercado político na sondagem, desvalorizam a nota negativa e chamam a atenção para o trabalho árduo que têm feito nas diversas arenas políticas. Ambos tendem a recorrer à mesma frase típica: "a única sondagem que conta é no dia de eleições". Contudo, apesar de todos duvidarem dos resultados das sondagens, na verdade, ninguém se dá ao luxo de ignorar os seus resultados.

Neste último "set" de sondagens nacionais que têm vindo a público, o PSD não tem conseguido descolar do PS - uma tendência evidente. Apesar do governo do PS estar envolto em inúmeras polémicas, desde as indemnizações da TAP, ao episódio de zaragatas inauditas no interior do Ministério das Infraestruturas, incluindo o envolvimento do SIS, não esquecendo a progressiva crispação institucional de Costa com o Presidente da República; mesmo assim o PSD não consegue afirmar-se como alternativa clara de governo.

Uma situação tanto mais grave quanto nunca a avaliação do governo foi tão negativa - de acordo com os dados do ICS/ISCTE mais de 70% dizem que o executivo é "mau" ou "muito mau". Ou seja, o eleitorado não é cego à atuação do governo - não quer é reconhecer o PSD como candidato ao mesmo lugar.

E porquê? Fundamentalmente, porque se desconhece os conteúdos e as ideias que sustentam o projeto de poder. É um PSD meramente reativo à agenda do PS - seja a agenda que Costa ativamente coloca à discussão no país, como a questão da política habitacional por exemplo, seja a agenda dos casos e casinhos desastrosos para Costa. Involuntariamente, o PSD transformou-se em caixa de ressonância do partido de governo, e isso não é alternativa para ninguém.

Luís Montenegro ganhou as eleições internas no PSD baseado na argumentação que iria realizar uma oposição mais musculada face a António Costa e o PS. Alegaram que Rui Rio se tinha aproximado demasiado do PS e que o PSD precisava de um abanão no estilo de liderança.

Exemplos desse abanão? Na semana passada, Montenegro sacou da caneta e do papel para enviar uma carta a António Costa sobre o SIS para expor o seu desagrado com a direção das Secretas. Que violência, uma carta! Aposto que até lhe tremeram as pernas quando a abriu.

O grande problema no PSD reside no passado. Na incapacidade de se reinventar após ter sido o executor do programa de ajustamento que o PS assinou com a Troika, assumindo como identitário um papel que deveria ser temporário. O PSD, que se diz corretamente um partido reformista, tem que começar essa reforma dentro das suas portas primeiro, de forma a apresentar-se de "cara lavada" perante o eleitorado. Rui Rio tentou esse caminho de reforma interna, através da forma como tentou redefinir a militância ativa. Regressar aos fantasmas do passado não é cartão de visita para nenhuma liderança. Cabe aos militantes exigir uma verdadeira reforma ativa do partido.

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