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Artigo de Opinião

Médico-Dentista

5/11/2023 04:46

Não sei a vocês, mas a mim parece óbvio que a oposição só está preocupada em testar o PAN e procurar tudo o que possa ser fracturante numa coligação cada vez mais "pesada". De 23 de setembro a esta parte que estão mais preocupados do que nunca com a estrada das Ginjas. Inquietos com o teleférico do Curral. Ou até angustiados com os animais do circo. Eu sei lá… Mas uma coisa eu sei! É que assim, é para o lado que o PSD/CDS dorme melhor. Tanto que o senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira até já veio dizer que "o PAN traz à coligação uma certa frescura". Pudera. Embora o cheiro a mofo não desapareça, sempre areja qualquer coisa. Continuem, portanto, a soprar na direção errada que em vez de um favor estão a fazer dois.

Não sei se um, dois, três ou mais, mas consta que uns poucos apuparam o Presidente do Governo quando este se preparava para a sua intervenção na Festa da Castanha. Uns dizem que era gente que estava com meia anona. Outros garantem que os assobios vieram de quem estava descontente com a saída de Humberto Vasconcelos da Secretaria da Agricultura. Apercebendo-se do coro de assobios, Miguel Albuquerque deixou duas frases. Um conselho e um agradecimento. Vejamos: "Quem está a apupar, que vá tomar uma ginja que fica mais alegre. Obrigado". Lindo.

Daí para cá, passei a fazer o mesmo. Cada vez que me incomodam, convido a tomar uns copos. Palavra de honra. Então não é que, há dias, a do meio chegou a casa a fazer-me perguntas?! Queria apoio no estudo. Menos mal. Estava a dar os sistemas e ia ter teste. Sentámo-nos, aferi-lhe os conhecimentos. Fiquei tão orgulhoso. A minha menina já parecia uma doutora. Não só não sabia a matéria toda como, ao fim de 5 minutos, já me queria mandar embora. Ah não. Nem pensar. "Nem que eu tenha que fazer horas extraordinárias minha querida, mas tu daqui não sais sem saber a matéria toda". Assim foi! Do nada já dominava a grande circulação. Sabia quantos ureteres tinha. Onde se davam as trocas gasosas. Quais os gâmetas masculinos. Etc, etc, etc.

O pior foi depois. Acabado o estudo do meio, já vinha com história. "Quantas dinastias conheceu Portugal?". Bem, bem. "Tens a certeza que queres mesmo entrar por aí, filha?!", perguntei eu, na tentativa de ganhar tempo e poder ir à Wikipédia inteirar-me do assunto. É que anda por aí tanto fulano com o rei na barriga que podia escapar-me algum. "E se fôssemos antes tomar um par de bongos ou um capri-sun? Não achas que era melhor?" Sinto que ainda não foi desta que ela percebeu que eu não sei tudo! Escapei, portanto. Só não sei até quando é que conseguirei manter esta falsa aparência. É impressão minha ou a 4ª classe de hoje em dia equivale já a um bacharelato ou a uma licenciatura?!

E como um mal nunca vem só, o mais novo está a começar a aprender a ler. Assim que deu as vogais foi um tormento. E ainda não refeito do exaustivo esforço que foi assimilar aqueles 5 caracteres novos, já lhe era pedido que os juntasse em ditongos. Ouvi vezes sem conta a mãe perguntar-lhe um "a" e um "i" o que dá? Na cabeça dele dava tudo. Ao. Ei. Ou. Na tentativa de o ajudar, aproximei-me dele e peguei-lhe na mão (talvez com inadvertida e excessiva força) que segurava o lápis. "Aiiii". Milagre! Abracei-o e incentivei-o com um "vês querido? Vês como sabes? Tu és capaz. Acredita sempre em ti. E quando estiveres atrapalhado, chama-me. Provavelmente passaremos a ser dois atrapalhados, mas vamos dar um jeito.

Até porque, nos dias que correm, já não é só a beleza que é falsa. Já há inteligência artificial e tudo! Que luxo. É com cada iluminado…

Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas

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