MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

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10/10/2023 08:00

Nem parece que estamos em outubro, o mês que recordo como o do começo da escola, das primeiras chuvas de outono, em que começava o frio, as folhas nas estradas, as árvores a despirem-se, os frutos secos, típicos da época, os figos, as castanhas assadas, as nozes, típicas do Pão-Por-Deus. Mas também, mais recentemente, das abóboras, das bruxas, que fazem parte da cultura popular e competem com as feiticeiras no imaginário da nossa terra, e de todos os monstros do Halloween.

O verão atual até parece os atuais jogos de futebol da liga portuguesa em que o tempo de compensação passou a ser um grande prolongamento.

Penso que hoje, com os graus a subir, as bruxas do Halloween já pensam em mudar as vassouras para algo mais sustentável, e já mudaram, com toda a certeza, a roupa para viajar, e levam já umas minissaias ou até andam de bikini em pleno mês de outubro.

As lojas de roupa abriram e fecharam a seção de roupa de inverno e voltaram a colocar a roupa de verão, já as Farmácias tiveram de voltar a expor os protetores solares.

Os meus avós dirão que os tempos já não são o que eram, mas eu já pareço os meus avós e digo o mesmo. Os verões estão mais rigorosos, o outono e primavera, tempo de passagem no passado, parecem desaparecer, aparecendo um inverno cada vez mais rigoroso. Dir-se-ia que a natureza acompanha a política, desaparece o centro, e cai nos extremos.

O calor é bom, reconheço, mas é bom que seja no seu devido tempo e no seu devido lugar. Não quero fazer um Natal tipo os australianos no Lido à espera que o Pai Natal aterre com as renas no ilhéu do Gorgulho. Pensamos sempre o Natal com frio e até neve, pelo menos nos postais, o que quer dizer que o Natal madeirense é influenciado pela nossa cultura europeia, um pouco a fugir da nossa posição subtropical.

Tuvalu, um arquipélago como nós, mas na Oceânia, poderá ser o primeiro país do Mundo a desaparecer devido às alterações climáticas, mas eles não estão sozinhos, nós também seremos diretamente afetados por estas alterações climáticas. Claro que, com a nossa alcantilada orografia ficaremos sempre salvos da submersão, mesmo que só em parte.

Agora não podemos concordar com aqueles ativistas que atacam ministros com bolas de tinta, não podemos concordar com esses mesmos ativistas que estão em plena 2ª circular a bloquear o trânsito de quem precisa ir trabalhar, eis quando as causas são mal defendidas.

No entanto, é importante destacar os 6 jovens portugueses, entre os 11 e os 24 anos, que apresentaram queixa contra 32 países de não conseguirem enfrentar a crise climática no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, em Estrasburgo. O argumento dos governos é que não há provas, só especulações sobre o futuro. Todos temos de acreditar que sim. Não existe qualquer perigo para a humanidade, lá por estarmos em outubro e estar 34ºC, é algo perfeitamente normal. Só temos de acreditar que é algo natural e que a natureza queria que tivéssemos mais uns dias de férias em pleno Verão. A fé nestes casos não é boa conselheira.

Como insulares, mas principalmente como seres vivos não podemos ignorar as alterações climáticas, fazemos ainda muito pouco para reverter a situação, os jovens têm razão, embora alguns a percam no modo como atuam, como se viu estas semanas, mas cabe aos poderosos e governos implementar medidas para salvar o nosso presente e deixar um planeta habitável para os nossos filhos. Regular, regulamentar, incentivar e implementar medidas que protejam o ambiente em prol da humanidade, não podemos pensar só na situação económica, pois não haverá economia se não existir planeta, não haverá economia se não existir sustentabilidade, não haverá nada, se não existir ambiente. A economia e a ecologia são compatíveis, e ambas serão destruídas se não se partir desses pressupostos.

Como diziam as comadres num cartoon do JM-Madeira por estes dias, as castanhas deste ano com o calor já vêm assadas.

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