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Artigo de Opinião

HISTÓRIAS DA MINHA HISTÓRIA

29/04/2022 08:00

Penso que o bem-estar animal é uma responsabilidade de todos, a começar na célula familiar, onde os animais devem ter cuidados de alimentação, saúde, conforto e, no caso dos cães e gatos, os únicos com os quais tenho convivido, carinho. Lamentavelmente, continuamos a ver colónias destas espécies, procriando, conforme a natureza se lhes impõe, e vivendo as suas curtas e penosas vidas perante o desleixo indiferente dos donos. As leis estão criadas e as coimas estabelecidas; os municípios e associações de defesa animal vão promovendo campanhas de adoção e esterilização. Porém, o alcance de tudo será pouco relevante, enquanto não houver uma consciência coletiva, daí a relevância da (in)formação.

Perante as denúncias, os elementos das forças de segurança agem segundo a sua sensibilidade: alguns de forma exemplar, outros com negligência ou má vontade, outros com compadrio para com os prevaricadores. No final, como as vítimas sofrem em silêncio, ficam ignoradas num arremedo de canil, acorrentadas a um latão, abandonadas na serra, assassinadas com veneno, com pancada, à fome…

Entre as entidades governativas, por moto próprio, ou pressionadas pela opinião pública, surgem sinais de atenção ao problema. Foi criado o cargo de Provedor do animal, que terá gabinete e equipa de apoio, contudo, parece faltar-lhe disponibilidade financeira. Diz o próprio que, quer ele, quer a sua assessora, retiram do seu bolso para ajudar donos de animais em apuros. Não tenho relutância em crê-lo e louvo-os pela generosidade, que imagino surgir de situações calamitosas com que se depararão in loco. Deixar o conforto dos gabinetes e ir ao terreno traz a real noção das dificuldades. E, nestas saídas, por vezes, há os que têm sorte, como o cão recentemente adotado pelo presidente do Governo Regional, durante a visita a uma instituição veterinária. Atitude importante, não só para o apadrinhado, mas principalmente pelo que o exemplo pode significar.

São pequenos passos que urge apressar com medidas mais abrangentes, como, por exemplo, a criação de benefícios de saúde para animais, a redução das taxas sobre medicamentos e outros produtos veterinários, atribuição de verbas para investimento na construção de infraestruturas decentes e apoio às associações com atividade efetiva na proteção animal, cujo trabalho abnegado é desvalorizado.

Este mês, os municípios apresentaram os montantes orçamentados para a causa, o que demonstra, pelo menos de alguns, empenho na busca de soluções. Oxalá as ditas verbas sejam bem aplicadas. Digo-o recordando, com tristeza, o anúncio ufano, feito Provedor do animal, do pioneirismo ilhéu na elaboração de um manual de conduta. Não porque pense errado uniformizar critérios entre os que lidam com a causa animal, como é o propósito desse documento. Contudo, confesso que me soa a um ineficaz protelar da ação. Quantos grupos de trabalho, reuniões, debates, consultas e pedidos de esclarecimento legal, e sei lá quantas coisas mais serão necessárias até a redação final? Quanto tempo até que leiam, assimilem e apliquem? Quantos salários, papeis, tinta…

Enquanto isso, quantos bichos esperarão, em vão, que os resgatem do sofrimento perpétuo?

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