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Artigo de Opinião

20/12/2021 08:00

Por cá, na nossa capital, após umas eleições autárquicas disputadas e com muita promessa feita, a expetativa era grande e, para quem perdeu, seria previsível um estado de graça longo e penoso. Mas não.

Porque quando as vitórias são assentes em falsas promessas, através da compra descarada de votos, tentando assim enganar os mais distraídos, sem um programa sólido, sem uma visão de governo sustentável, o período das fotografias e das entrevistas fáceis, passa rápido. Rapidamente vem à luz do dia a falta de ideias, e pior ainda, a incapacidade para cumprir com o prometido. Talvez fruto dessa frustração, afinam um olhar de vingança sobre o passado, tentando afastar todos aqueles que não foram ao beija mão, que recusaram abanar a bandeira e que recusaram cargos. E, obviamente, todos aqueles que estavam declaradamente do outro lado, foram os primeiros a ser corridos.

É assim a história recente da nossa cidade, com um presidente de câmara incapaz e vingativo.

Dentro da Câmara, os cargos dirigentes começaram a cair que nem tordos, havendo departamentos em que não sobra um único dirigente. Eram incompetentes? Não, não eram. Estavam lá por nomeação política? Não, não estavam. Estavam por via de concursos, com comissões de serviço a decorrer. Perfeitamente integrados e com provas dadas ao nível de competência. Mas cometeram o pecado de não abanar a bandeira laranja, e, por isso, toca a sair para dar lugar aos fiéis e submissos. São estes, os que dizem amém a este poder, competentes ou incompetentes, os que têm lugar na nova administração da cidade.

Ficámos também a saber que o orçamento municipal para o próximo ano prevê uma redução em cerca de 1,4M€ em salários. Vão despedir pessoal? Vão diminuir salários?

Foi notícia esta semana, o saneamento que pretendem fazer na empresa municipal FrenteMar Funchal. Um saneamento que, mais uma vez, nada tem a ver com a competência, nem tem a ver com as necessidades da própria empresa. Um saneamento cirúrgico, dirigido aos que recusaram os seus convites, ou que, simplesmente, pertencem a outro partido. Como se, pertencer e um partido político, fosse impeditivo de exercer qualquer emprego.

Tentam sanear nadadores-salvadores, socorristas, pessoal da limpeza e manutenção, responsáveis pela área ambiente e de animação cultural (que tantos prémios e reconhecimento tem dado à nossa cidade) e sim, tentam também sanear dirigentes. São estes cargos redundantes? Serão estes cargos dispensáveis? Deixo uma pergunta: como vão colmatar esses lugares que querem despachar por razões políticas? Vão deixar vagos, ou simplesmente tentam chegar a (maus) acordos, para deixar a porta aberta aos senhores da bandeira laranja?

É assim o presidente da nossa cidade, um presidente que está mais preocupado com saneamentos do que com ideias para a cidade, que anda a propagandear tudo o que vem dos anteriores executivos como sendo dele. Um presidente que despede por motivos políticos em vésperas de natal, um presidente que deixa a porta aberta para continuar a usar e a abusar das pessoas. Um presidente que rapidamente saiu do estado de graça e que começa a mostrar a sua arrogância, perante um povo, muitas vezes submisso e infelizmente, de memória muito curta.

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