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Artigo de Opinião

Professor

20/05/2024 03:30

Nos últimos anos o panorama literário sobre o fenómeno emigratório tem sido profusamente enriquecido com um conjunto expressivo de obras de autores nacionais e lusodescendentes, que através do mundo dos livros têm dado um importante contributo para o conhecimento de múltiplas dimensões da realidade emigratória portuguesa.

Um dos exemplos mais recentes, que asseveram a importância destas obras na análise e compreensão da emigração nacional, encontra-se vertido no livro O Homem de Duas Sombras, do professor e autor penamacorense José Manuel Batista, a residir na vila raiana de Vila Velha de Rodão.

Editado pelas Edições Colibri no ocaso do ano passado, o livro, o terceiro do autor, com prefácio da ensaísta e helenista Maria Mafalda Viana, propõe uma reflexão sobre a emigração portuguesa “a salto” da década de 1960-70 para França, inspirada no espólio do saudoso fotógrafo franco-haitiano Gérald Bloncourt, que imortalizou a emigração portuguesa no 3.º quartel do séc. XX.

Através da deriva existencial de um homem que enfrenta os fantasmas da memória, como por exemplo, as vivências impactantes dos emigrantes portugueses nos bairros de lata nos arredores de Paris, conhecidos como bidonvilles, como os de Saint-Denis ou Champigny, que nos anos 60 albergou mais de uma dezena de milhares de portugueses, tornando-se um dos principais centros de distribuição de trabalhadores de nacionalidade lusa em França.

Nas palavras do autor, construído “entre a razão dos esforços e lutas dos emigrantes em busca de uma melhor vida e as emoções amorosas e sociopolíticas de uma vida que se sonha para o futuro”, o livro depois de apresentações no território nacional vai ser lançado no palco principal do seu enredo, ou seja, junto da comunidade portuguesa em França.

Mormente, no dia 30 de maio (quinta-feira), às 19h00, na Pastelaria Belém, em Paris, numa sessão aberta à comunidade luso-francesa e que estará cargo de Didier Caramalho, jornalista da Rádio Alfa, a emissora dos portugueses na capital gaulesa.

Natural de Penamacor, onde nasceu em 1953, José Manuel Batista frequentou o curso de Lettres Modernes na Universidade Paris IV-Sorbonne, que veio a completar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, porquanto os seus familiares diretos foram protagonistas anónimos da epopeia da emigração portuguesa dos anos 60/70. Nesse sentido, a sessão de apresentação em Paris, num espaço de eleição da comunidade portuguesa, imbuída de profundo simbolismo e carga afetiva, constitui um dever de memória e de homenagem a todos os compatriotas que com sacrifício e trabalho alcançaram o direito a uma vida melhor.

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