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Artigo de Opinião

1/11/2022 08:00

Outubro é o mês onde se confrontam diferentes visões sobre a pobreza. Há quem ache que esta chaga social se combate com maior capacitação e empoderamento das pessoas que estão em situação vulnerável. António Guterres, por exemplo, criou o "Rendimento Mínimo Garantido", como forma de proporcionar um mecanismo que ajudasse as pessoas a viver com um mínimo de qualidade e autonomia. Hoje designa-se por "Rendimento Social de Inserção" (RSI) e é um dos instrumentos para ajudar a combater a pobreza e a defender a dignidade humana.

Há, igualmente, quem ache que as pessoas que vivem em situação de pobreza estão lá porque merecem ou querem. Porque são mandrionas, delinquentes, ou potenciais bandidas, que vão gastar tudo o que receberem em artigos de luxo ou coisas fúteis, vivendo muito bem, à sombra da bananeira. Porque escolhem não trabalhar e viver da caridade alheia. Nesse sentido, consideram as prestações sociais um convite à indigência e um atentado a quem trabalha para ganhar o seu sustento. Por isso, acham lógico usar o exército ou a força para resolverem problemas sociais, que nunca quiseram ver resolvidos. A pobreza dá-lhes jeito. Muitas dessas pessoas defendem um regresso ao passado da ditadura, em que os pobrezinhos eram agradecidos e baixavam os olhos. Convém não esquecer que, durante 48 anos, governou-se Portugal pela tortura, perseguição e censura, deixando-se uma herança de 25,7% de analfabetos, uma saúde para quem apresentasse atestado de pobreza e uma elite que tinha acesso a tudo.

Está provado que a educação, um sistema de saúde gratuito e de qualidade, prestações sociais e emprego com salários justos ajudam as famílias a sair da pobreza e as crianças a viverem com mais qualidade.

Governos há, todavia, que preferem dirigir as verbas do combate à pobreza para Casas do partido, perdão, do Povo e para apoios diretos em géneros ou cheques. Servirão para serem capitalizadas em votos, em épocas eleitorais. É a lógica da caridadezinha e da desigualdade social, mantendo-se as pessoas em níveis sociais diferentes, promovendo-se o beija-mão, a subserviência e o medo de perder a esmola. Encara-se a pobreza como uma forma de perpetuação no poder, dando jeito que ela continue a existir, sem se alterar o modelo de desenvolvimento, que serve alguns, mas mantém a maioria "no seu lugar". Nesta lógica, opta-se por esconder em vez de resolver. Conservar e, simultaneamente, camuflar. Impor a força como forma de mostrar autoridade e, a coberto desse autoritarismo, aproveitar para entregar partes do território a alguns, considerados merecedores. Magia branca e moderna…

Notas Finais - Muitas das pessoas que trabalham são pobres e têm de recorrer a ajudas sociais. Os salários praticados no nosso país, não permitem uma vida digna. Quem recebe o RSI ou o reforço dos 125€ do atual governo da República não vai colocar esse dinheiro em paraísos fiscais. Vai investir na sua família, em compras no comércio local, dinamizando até a economia dos lugares.

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