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Artigo de Opinião

Deputada do PSD/M na ALRAM

16/03/2022 08:00

De acordo com os dados apurados e recolhidos junto da população, nos últimos dez anos, a Madeira perdeu cerca de 6,25% da população; em 2011 éramos 267 mil habitantes e passámos a ser 251 mil em 2021. Fomos a segunda região do país a perder mais população, logo a seguir ao Alentejo, fenómeno que se vem agravando na última década.

Contudo, há que dissecar estes números e perceber o seu real impacto no território madeirense, pois há diferenças evidentes no que concerne à distribuição da população.

Ora, em termos de faixas etárias, na Região Autónoma da Madeira, cerca de 12,7% da população tem entre 0-14 anos; 11,2% entre os 15-24 anos; 56,1% entre 25-64 anos e 20% com 65 ou mais anos. Analisando a olho nu, salta logo à vista que a balança pesa mais para o lado dos adultos e dos mais velhos.
Em termos de índice de envelhecimento, a RAM é a terceira região mais envelhecida do país, com cerca de 124 idosos por cada 100 jovens e as previsões são muito preocupantes. Há cenários de projeção a 50 anos, que apontam para a triplicação da população idosa face à população jovem! Cenários destes irão certamente causar graves problemas de sustentabilidade social e económica, pelo que é urgente pensar em formas de abrandar esta situação.

Neste contexto, é importante alertar que o eixo Norte da ilha já está a atravessar um problema demográfico grave que deve nos fazer a todos pensar. Em Santana, São Vicente e Porto Moniz as perdas populacionais são mais que evidentes, o saldo natural é mais negativo nestas zonas do que resto do território madeirense e as consequências saltam à vista de todos: escolas a fechar, zonas à beira do despovoamento, dificuldade em fazer a economia girar, pessoas cada vez mais sozinhas e isoladas, pouca ou nenhuma vizinhança, abandono e desertificação dos solos, tudo porque há falta de gente! E não é o turismo que pode salvar tudo meus caros, é mais que evidente que não! Se não houver moldura humana local, se não houver uma estratégia real que envolva os municípios em primeira linha, compensada também com medidas do foro regional, toda e qualquer política de atribuição de pontual de subsídios cai por terra e não traz benefícios à população como um todo! E a situação torna-se ainda mais grave, quando apesar do grande investimento feito nas últimas décadas em infraestruturas e redes viárias, continuamos a assistir a um êxodo rural e à criação de autênticas zonas dormitório em torno da capital madeirense, com consequências evidentes na nossa vida diária.

Quem nunca se deparou com uma via rápida entupida, de pôr os nervos em franja e os cabelos em pé a partir da subida do Caniço ou a partir da Cancela às oito horas da manhã ou na zona de Santa Rita! Um pára-arranca infernal que tira do sério qualquer comum dos mortais! Será o cerne do problema o excesso de carros nos mesmos acessos à hora de ponta? Ou estaremos a analisar a questão pelo lado errado… deixo a questão ao caro leitor para aguçar a sua curiosidade e darei a minha visão na próxima crónica!

Urge, pois, pensar fora da caixa e começar a tomar medidas corajosas, diria até inovadoras, começando no âmbito intra e inter-municipal, descomplicando a vida das pessoas, para que despertem nos mais jovens a vontade de viver fora das centralidades urbanas, dando condições reais às famílias para que se instalem, fixem, cresçam e contribuam também para a melhoria da demografia, que ao fim e ao cabo diz respeito a todos nós! Porque se não formos capazes de agir no presente, hipotecaremos o futuro, e esse é um fardo que ninguém deve querer carregar!

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