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Artigo de Opinião

1/01/2021 09:00

A metodologia usada com quem colabora com "Opinião", é simples: O Diretor do JM envia uma lista com algumas sugestões para cada categoria, permitindo que se acrescente outras preferências e concentra em si as respostas. Deste modo facilita-se um pouco a vida a quem escolhe e é possível manter algum segredo relativamente às votações. Em contrapartida, ficam de fora propostas mais "fora da caixa" ou que simplesmente não tenham ocorrido a quem coordena o processo.

Ao ler as sugestões deste ano houve algo que me saltou imediatamente à vista: poucas de mulheres entre as sugestões. Em cinco categorias, Internacional, Nacional, e nas Regionais Política, Desporto e Economia, não constava uma única mulher entre os 31 nomes sugeridos. Na categoria Regional Sociedade (7 nomes) constava apenas uma mulher e só na categoria Regional Cultura (10) havia algum equilíbrio, com quatro mulheres. Ou seja, entre 48 nomes distribuídos por sete categorias, apenas cinco eram de mulheres, quatro dos quais na mesma categoria.

Tal desequilíbrio motivou algumas reações referidas pelo Diretor no resumo dos resultados da iniciativa e onde, sob o subtítulo «E as mulheres?» diz que «(…) há a destacar as chamadas de atenção feitas por um reduzido número de colaboradores do JM que assinalaram a designação de poucas figuras do sexo feminino para votação». Quem me conhece adivinhará que faço parte desse «reduzido número».

Sei que esta falta de diversidade não é intencional, mas é um facto referido na literatura quando se aborda processos de escolha que visam premiar o mérito: Quem escolhe (ou propõe) lembra-se mais facilmente de quem lhe é socialmente mais próximo (e entre os cinco nomes da administração e direção do JM não há mulheres).

Por este motivo procurei "enriquecer a mistura" ligeiramente propondo algumas mulheres e organizações que, se podem adquirir personalidade jurídica e vencer o Nobel, serão elegíveis para as escolhas que partilho aqui.

Nas categorias regionais, Política, Célia Pessegueiro, a primeira mulher Presidente da Câmara a ser eleita e reeleita; Sociedade, ADEGI - Associação para o Desenvolvimento dos Estudos Globais e Insulares, que tem promovido conferências, publicações científicas, livros e até o Grande Dicionário Enciclopédico da Madeira, "Madeira Global", obra magistral coordenada pelo Professor José Eduardo Franco e pela Professora Cristina Trindade; Economia, Márcio Nóbrega pela capacidade de inovar no mercado regional, como é o caso da sua última criação, a Adega do Pomar; Cultura, Madalena Nunes, ex-vereadora da CMF com obra relevante que culminou com a Candidatura do Funchal a Capital Europeia da Cultura 2027 (foi possivelmente a minha escolha mais difícil, entre este nome e o de Sandra Nóbrega); Desporto, Lúcia Franco, a Campeã Nacional de Sky Running e vencedora da Sky Marathon.

Na categoria Nacional escolhi Francisca Van Dunnen, a primeira mulher portuguesa negra a chegar a ministra. Ao nível Internacional optei pelas Mulheres do Afeganistão. Que têm feito frente à tomada do poder por parte dos Taliban. Fica também patente a fragilidade dos direitos humanos, no geral, e os das mulheres, em particular, tradicional e sistematicamente desvalorizadas em sociedades mais conservadoras.

A saída para uma democracia saudável, para uma sociedade equitativa e justa, passa pelo reconhecimento da importância do contributo das mulheres. Nenhuma sociedade pode prosperar quando exclui, à partida, mais de metade da sua população, nenhum país ou região pode crescer condenando as mulheres à invisibilidade. Isto só se pode corrigir dando também visibilidade ao seu mérito e trabalho.

Por isso, assumo também como meu o compromisso do Diretor do JM, Agostinho Silva: «Uma fragilidade (…) que nos comprometemos a mudar já a partir do próximo ano».

No ano que agora se inicia, nenhum dia é melhor: Começo hoje!

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