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Artigo de Opinião

HISTÓRIAS DA MINHA HISTÓRIA

19/08/2022 08:00

Exortar ao não abandono dos animais é repetitivo e pouco adianta. As consciências não pesam aos egoístas e os bichos continuam a vaguear perdidos, quando não são vítimas de outras atrocidades. Chamam-lhes animais de estimação, mas para alguns donos a estima por eles é nula.

A atualidade internacional também parece tema pouco apropriado para promover a descontração desejada para a época estival. A guerra na Ucrânia já se tornou tema secundarizado nos alinhamentos noticiosos. As bombas continuam a cair, mas quando não vemos é como se não existissem, não é? Lá diz o ditado que se "olhos não veem, coração não sente". Em paralelo a esta guerra que prossegue, outras vão acontecendo de forma menos visível, enquanto novas nuvens de conflitos sombreiam o mundo. A ameaça de recurso a armas que nos podem matar a todos, por parte de tiranos tresloucados que as têm ao seu dispor, faz esquecer a iminência da destruição do planeta. Qual delas a pior? O melhor é não pensar no assunto e deixar a cabeça repousar na areia.

No país, falar de incêndios também já cansa. Cada ano a área ardida é superior à anterior. Às vezes, até me pergunto como é que ainda há algo para arder. Mas há. Há mato, há floresta e incendiários, interesseiros ou tarados, às dúzias e não parece possível travar uns, nem outros. Dizem que estamos em seca extrema. Porém, quem se lembra de tal quando passa o dia a refrescar numa piscina, praia ou riacho? Algumas zonas sofrem a escassez do precioso líquido e só o obtêm graças ao abastecimento por autotanques. Já nos habituámos a tais imagens e damos graças por não ser essa a nossa realidade. A novidade deste ano é a carência de profissionais de saúde. Sumiram de repente e muitos dos que ficaram pedem escusa de responsabilidade dos atos médicos, o que, naturalmente, causa grande angústia a quem seja surpreendido pela vulnerabilidade de adoecer. Por isso, o melhor é manter-se são como um pero e acender uma vela a um São qualquer coisa, para que nos livre de maleitas ou azares.

De que falar então? Esforço-me por pensar em coisas positivas para equilibrar a balança e coloco sobre o prato: a consciência ambiental vai crescendo, as pessoas evitam o uso de plásticos e separam o lixo; cada vez mais agricultores praticam formas de cultivo menos lesivas para o solo, águas e para a nossa saúde; as poucas, mas a funcionar, estações de tratamento de resíduos para reutilização dos seus componentes; o punhado crescente de pessoas que reduz o consumo de carnes, por compaixão para com sofrimento dos animais, muitos deles criados em cativeiros de horror e crueldade e mortos em câmaras de horror e crueldade a que chamamos matadouros. E esta é uma questão que vai muito além do compadecimento, já que se prende com a nossa própria saúde. Ao ingerirmos a carne de animais aos quais, durante as suas curtas vidas, foram administradas abundantes doses de antibióticos, o nosso corpo torna-se resistente a medicamentos desse tipo que nos possam vir a ser prescritos. Isto para não falar da poluição ambiental causada pelas quintas de produção industrial de animais que despejam toneladas de porcaria nas águas.

Não, não vou voltar ao pessimismo. Prefiro acreditar que a mudança está em curso.

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