MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Gestor do Europe Direct Madeira

19/08/2021 08:00

1. ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. Os especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apresentaram um relatório que, não constituindo uma novidade absoluta para quem acompanha atentamente estas matérias, vem confirmar alguns dos cenários mais pessimistas relativamente aos impactos da actividade humana nas alterações climáticas.

Para os defensores do "deixa-ficar-tudo-na-mesma", incomodados com as metas e compromissos impostos pela Comissão Europeia, o referido relatório vem apenas reforçar que a Europa está no bom caminho, com o Pacto Ecológico Europeu.

Os cientistas são claros na sua mensagem: o aquecimento global, na sua essência, não tem explicação nos fenómenos naturais. Foram as actividades humanas, as principais responsáveis pelo estado climático que hoje vivemos. Se nada for feito, mantendo-se o atual ritmo de emissões de gases com efeito de estufa, o aquecimento global irá exceder facilmente os 2ºC até o final do século, acarretando consequências desastrosas. Infelizmente, o problema já é tão grave que mesmo considerando os cenários mais optimistas, a Europa continuará a enfrentar episódios extremos, nomeadamente ao nível das ondas de calor, com maior frequência e severidade. Recorde-se, por exemplo, o recorde de temperatura recentemente registado na Sicília, com 48.8°C!

O Secretário-Geral das Nações Unidas classificou o relatório como um "código vermelho para a humanidade", deixando claro que o combate às emissões de gases decorrentes dos combustíveis fósseis tem de ganhar um novo ímpeto. Já a Comissão Europeia, pela voz do Vice-Presidente Executivo Timmermans referiu que "não é demasiado tarde" e que o relatório comprova que temos de ser céleres a lidar com a crise climática.
Apenas uma resposta global poderá ser bem sucedida, pelo que, as esperanças recaem na COP26, em Novembro, onde se esperam novos compromissos, pois "empatar" não é sequer uma possibilidade.


2. AFEGANISTÃO. A suposta moderação adoptada pelos talibã nas suas recentes comunicações à comunidade internacional, dando alguns (poucos!) sinais de abertura, nomeadamente no que toca ao tratamento e respeito pelas mulheres e pelas suas liberdades (reduzidas!), não são suficientes para esquecer as atrocidades inenarráveis que o regime cometeu quando esteve no poder. Os relatos são infindáveis! Histórias hediondas de tratamentos desumanos, totalmente contrários aos valores que defendemos.

O desconforto pelo insucesso dos resultados ao fim de vinte anos de presença internacional em território afegão é enorme. "Um esforço sem êxito", assumiu Merkel, reconhecendo que a avaliação da situação no Afeganistão não foi feliz. Este desconforto é também extensível à UE, um dos maiores doadores de ajuda humanitária ao país. A preocupação com uma eventual vaga migratória semelhante ou pior que a registada em 2015 é evidente, tanto mais que muitos dos problemas da Política de Asilo Comum estão ainda por resolver. O chefe da diplomacia europeia Josep Borrell, após reunião de emergência dos 27, referiu que "agora é tempo de falar" com os novos senhores do poder (o que não implicará, para já, o reconhecimento oficial do novo regime) e tratar da retirada dos europeus e dos afegãos que trabalharam com a UE.

Uma coisa é certa: a desastrosa gestão talibã entre 96 e 2001, não deixa ninguém esperançado em relação ao futuro. Perante tantas interrogações, a palavra de ordem, não sendo motivadora, é no mínimo realista: "esperar para ver"! Até porque, com a saída (atabalhoada) dos EUA de cena, outros actores - Índia, Paquistão, Irão, Rússia e China, ganham importância acrescida, sendo ainda incerto o rumo que será dado às futuras relações com o novo Emirado Islâmico.

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