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Artigo de Opinião

Economista

27/02/2021 08:03

Esta semana, os autarcas regionais esmeraram-se e foram profícuos nas suas mensagens veiculadas. Do Funchal, olha-se para o Plano de Recuperação e Resiliência como o diabético que olha para um bolo e exige uma fatia de 30%, sem explicar como chega a esse "valor mínimo" de dotação autárquico. Só a título de curiosidade, o Funchal fala por todas as câmaras municipais ou será que o presidente da AMRAM partilha a posição sobre o assunto?

Ouvimos pedidos da Ilha Dourada para haver exceções no plano de vacinação para a sua autarquia, como se a atualidade e a opinião pública permitissem a saudável convivência dos termos "exceção" e "vacinas" na mesma frase.

Mas a verdadeira cereja no bolo da semana dos autarcas madeirenses vai para Filipe Sousa. Confesso que tive que puxar o telejornal para trás para repetir as declarações em causa, porque não queria acreditar na seriedade do que estava a ouvir. Mas confirmou-se: o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz ofereceu-se para comprar radares - sim, é tudo "à grande" e no plural - para o Aeroporto Internacional da Madeira. Digo "ofereceu-se" mas sabemos que no erário público é sempre o dinheiro do contribuinte que é oferecido, que nem cumprimentar com chapéu alheio. E o autarca inclusivamente mandou uma carta ao Primeiro-ministro com esse seu voluntarismo. Mas acrescentou logo que é só bluff para "envergonhar" os governos. Cuidado no poker com o Dr. António Costa, porque tal pode rapidamente se transformar num monumental tiro no pé!

Este mesmo autarca acrescenta ontem num artigo de opinião no DN-M como humaniza a sua obra no município de Santa Cruz: "fazer obra não é apenas deitar betão para cima dos problemas, é fazer-se presente na vida das pessoas". Concordo plenamente - nada fica mais presente na nossa vida que um conjunto de radares.

Existe uma área da ciência política que se debruça sobre a forma como os diferentes níveis de governação se interligam como consequência da integração europeia- a chamada Governação Multinível desenvolvida por Liesbet Hooghe e Gary Marks. Que a governação europeia, nacional, regional e local se cruzam é uma bem-vinda inevitabilidade e não defendo a rigidez oitocentista na forma como os diferentes órgãos políticos se relacionam.

Contudo, convém não exagerar e confundir completamente as competências dos órgãos. Fica-se com a nítida sensação que alguns querem acrescentar temáticas às suas declarações só para se engradecerem na opinião pública. Não podiam estar mais longe da realidade. A tarefa autárquica já é por si digna precisamente porque é, sem qualquer margem para dúvida, o nível de governação mais próximo do cidadão.


Sugestão da Semana: Apostar nos nossos artistas musicais é também apoiar o Festival da Canção. No fim de semana passado apuraram-se cinco finalistas, ouvimos a estreia da nova canção da Elisa e a segunda semifinal tem lugar já hoje às 21:00. A não perder!

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