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Artigo de Opinião

Economista

16/11/2023 08:00

O PSD-Madeira, tradicionalmente uma força de influência considerável, encontra-se num terreno precário. O terramoto político em Lisboa poderá redistribuir o poder político de forma desfavorável às aspirações de longo prazo do próprio partido e da RAM. A antecipação das eleições pode dispersar o cálculo político em direcções que enfraquecem a influência do PSD-Madeira na Assembleia, o que pode ser catastrófico para as ambições da região. É um caso clássico de estar preso entre o diabo e o mar azul profundo - nem querer estar inteiramente à mercê da política de Lisboa, nem ser capaz de se libertar totalmente das consequências dessa política.

A acrescentar a esta complexidade está a possibilidade do Chega (CH), um partido conhecido pela sua ideologia neo-fascista de extrema-direita, ascender à terceira facção mais votada nas próximas eleições legislativas. Esta ascensão poderia alterar significativamente o equilíbrio político, potencialmente fazendo pender a balança de forma a comprometer a Autonomia Político-Administrativa, que a RAM tanto necessita (afinal não se sabe qual a posição do próprio CH relativamente à questão autonómica!). Só por si, a ideia provoca arrepios na espinha, levantando o espectro de uma Madeira limitada pelas restrições de um governo ainda mais neo-colonialista e com inclinações antagónicas aos nossos ideais de progresso e auto-governação.

Tão preocupante é ainda a possibilidade que Pedro Nuno Santos (PS), possa liderar um governo de coligação com o Bloco de Esquerda. Esta união política catapultaria Portugal - e, por extensão, a RAM - para uma espiral de "venezuelização" chavista da economia e da sociedade portuguesa, afugentando investimento directo estrangeiro, aumentando a carga fiscal e erodindo o sagrado princípio do direito à propriedade privada. Tal aliança colocaria em perigo a atualmente parca e frágil Autonomia da RAM, tábua de salvação da economia regional; poderia ser mesmo o catalisador de uma reação em cadeia de estagnação económica, emigração em massa e diminuição do PIB, ameaçando colocar a RAM na cauda da Europa das regiões.

Este cenário, que pode parecer uma profecia do dia do juízo final, deve servir de alerta para os madeirenses e porto-santenses! É um lembrete claro de que o encanto de estar politicamente ligado a Lisboa traz consigo o perigo de estar enredado nas suas vicissitudes. O presente escândalo e o turbilhão económico deveriam sacudir os (políticos) madeirenses e porto-santenses de qualquer sono de complacência, estimulando um clamor coletivo por uma menor dependência do continente. A Autonomia não pode e não deve se deixar enlamear no pântano político do PS, do CH e do BE do Portugal retangular.

Como disse eloquentemente Frank Herbert, "o poder atrai o corruptível". Este axioma soa agora mais verdadeiro do que nunca no contexto da política portuguesa. O lado positivo, embora difícil de compreender, reside na reestruturação do sistema, de modo a que deixe de ser um chamariz para os corruptíveis. A democracia portuguesa e, por extensão, o destino da RAM, só prosperará verdadeiramente quando os corredores do poder deixarem de ser o chamariz para aqueles que procuram o engrandecimento próprio à custa do bem público. Que esta seja a aurora de uma era em que a Madeira forje um caminho cada vez menos dependente de Lisboa, afastando-se dos mares tumultuosos e traçando um rumo para um horizonte mais autossuficiente, autónomo e próspero.

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