MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

25/04/2023 08:00

A partir de 1961, as Forças Armadas - a mesma Instituição pátria que fizera o 28 de Maio de 1926 para pôr termo ao então também descalabro da I República - as Forças Armadas bateram-se, sofreram e aguentaram com relativo sucesso três dificílimas frentes de guerra em territórios, somados, dezenas de vezes a superfície do País.

Assumiram-no, aguardando que o poder político encontrasse uma solução pacífica para os conflitos coloniais. Enquanto a Guerra Fria desprezava a presença dos Portugueses em África, sequiosa das partilhas futuras.

Claro que a ausência de regime democrático em Portugal era fatalmente incompatível com Autonomias, Federalismos ou até Independências a contento de todos.

Por outro lado, eram miseráveis as condições de vida cívicas, culturais, económicas e sociais dos Portugueses, marginalizados ditatorialmente do progresso dos países democráticos.

A última gota na situação da época, foi a obstaculização à transição democrática - como depois feita na Espanha - tentada pela então denominada "Ala Liberal" da Assembleia dita "Nacional".

Tudo isto LEGITIMOU o movimento militar do 25 de Abril de 1974, em relação ao qual falta ainda a Grande Homenagem de Portugal consagrar os Nomes de Todos os que O integraram patriótica e desinteressadamente, cumprindo o Dever da devolução do poder democrático aos Portugueses e sem disso se aproveitarem com oportunismo.

Infelizmente, quem vemos aparecer como "símbolos" de Abril, são uns tipos que iam dando cabo do País!...

Portanto, o 25 de Abril não é da responsabilidade e muito menos património de qualquer facção política.

Tratou-se de as Forças Armadas - COMO É OBRIGAÇÃO DESTAS - responder e traduzir o consenso praticamente geral a todo o Povo português.

Então como se explica o desastre nacional que imediatamente se seguiu?!...

Primeiro, a impreparação político-cultural dos Militares que se viam com o Estado nas mãos. Segundo, ao derrube do poder político, sucedeu a perseguição a todas as Élites, só porque viviam e trabalhavam no regime totalitário. Óbvio que, sem Quadros, o País não funcionava. Terceiro, o PCP ser o único partido organizado.

O PS fôra fundado na Alemanha um ano antes do golpe militar, por pressão do Governo alemão e dos serviços de informações norte-americanos (CIA), então na linha estratégica "yankee" para a Europa, a de apoiar a criação de partidos socialistas para travar os comunistas.

O PSD só foi criado a 6 de Maio de 1974. O CDS ainda depois.

Num quadro destes, Portugal mergulhou na anarquia, a descolonização atabalhoada foi uma tragédia com centenas de milhar de mortos, o Estado entrou em decomposição, correu-se o risco de uma guerra civil - não fôra o próprio Kremlin travar o PCP, conseguidos os objectivos pretendidos em África - estivemos à beira de uma ditadura comunista.

Na Madeira, dada a então debilidade causada ao Estado português, os Autonomistas perceberam ser hora, até porque também Lisboa precisava de nós como reduto para a Resistência aos "comunas".

O radicalismo dos socialistas e das organizações comunistas favoreceu a conquista da Autonomia, pois contrariavam os generalizados sentimentos autonomistas do Povo Madeirense, atacavam a Igreja Católica, ponham em causa a propriedade privada num arquipélago de micropropriedade, contestavam desastradamente o conservadorismo de gerações (depois o meu principal problema...), defendiam o centralismo de Lisboa.

Tudo isto foi um tapete colocado por socialistas e comunistas, para os Autonomistas desfilarem!

Porém, quando o centralismo lisboeta se viu seguro, logo desdenhou do esforço dos Autonomistas em prol da Democracia e da Unidade Nacional. Restringiram-nos uma verdadeira Autonomia Política e impuseram uma partidocracia em vez da Democracia. Nos termos da Carta das Nações Unidas (constitucionalmente Direito interno) impuseram-nos um regime ainda colonial, espelho da "cultura" política das classes decisoras de Lisboa, ao longo dos séculos.

Claro que esta Autonomia que tenho a certeza não ser ainda a que o Povo Madeirense quer - porque é que Lisboa teme um referendo?... - permitiu o Desenvolvimento Integral, sobretudo a mudança das mentalidades. Permitiu escolhermos os termos da nossa adesão e integração na União Europeia, bem como o reencontro, económico-financeiramente importante, de todas as Comunidades Madeirenses espalhadas pelo mundo.

Hoje, 25 de Abril de 2023, haja a honestidade intelectual de reflectir sem subordinação a partidos políticos: COM MAIS AUTONOMIA, ATÉ ONDE, MAIS LONGE, PODÍAMOS OU PODEMOS IR?

Como tenhamos duas certezas:

1. O Povo Madeirense só irá mais longe SE A LUTA CONTINUAR.

2. E se uma nova Geração voltar à POLÍTICA DE CAUSAS.

Insuportável é a passividade institucional e legislativa, ao ponto de, cinicamente, gozando com nós todos, serem os inimigos históricos da Autonomia a pretender agora apropriá-La.

OPINIÃO EM DESTAQUE

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda que Portugal deve “pagar custos” da escravatura e dos crimes coloniais?

Enviar Resultados

Mais Lidas

Últimas