Os bispos portugueses consideram que, 50 anos depois do 25 de Abril, deve reconhecer-se “tudo quanto se conseguiu de positivo no Portugal democrático, a começar pela liberdade política”.
A par desta liberdade, merece também destaque “o fim da guerra em África e a dedicação cívica de tantos, das autarquias ao Estado, da vida nacional à integração europeia”.
“Estabilizada a situação no novo quadro constitucional, muito se conseguiu para responder a várias necessidades da altura ou depois surgidas – e muita participação houve também por parte de católicos politicamente comprometidos e de instituições de solidariedade social ligadas à Igreja”, escreve a Conferência Episcopal Portuguesa numa nota pastoral hoje emitida a propósito dos 50 anos da revolução.
Para os bispos católicos portugueses, o “impulso solidário” conquistado em 50 anos de vida democrática, é o que “levará a todos, cidadãos de um país entretanto enriquecido com populações advindas doutros espaços e culturas, a atingir novas metas nos campos da família, da habitação e do trabalho, da educação e da saúde e de tudo o que garanta uma vida digna a quantos somos hoje e seremos amanhã”.
Esta “vida digna” deve, segundo o órgão que congrega todo o episcopado, ser “devidamente respeitada e acompanhada em todas as suas fases e circunstâncias, da conceção à morte natural”.
A CEP apela no documento para que sejam retomadas “as intenções dos autores do ‘25 de Abril’, no sentido da democratização do país, do fim da guerra e do desenvolvimento geral”.
“No que à democracia diz respeito, necessário é que ela conte com a liberdade e a responsabilidade dos cidadãos, devidamente respeitados e estimulados para o incremento do bem comum. Tal apenas se consegue quando, da família à escola e à vida social, aprendemos a concertar a legítima diversidade de opiniões com a finalidade comum do bem de todos”, advogam os prelados católicos que, quanto à paz, lembram que “ela é fruto da justiça, dando a cada um o que lhe é devido para viver e conviver dignamente. Isto mesmo a nível pessoal e também de grupos sociais, étnicos ou povos, todos com direito à respetiva identidade e autonomia”.
No que respeita ao desenvolvimento, a cúpula da Igreja Católica lembra que ele “se ativa em cada pessoa, respeitada e atendida no que requer para ser livre, criativa e responsável nas diversas projeções do seu ser”.
“Esta finalidade do desenvolvimento de todos e de cada um constitui o verdadeiro objetivo da ação política e não pode garantir-se quando ela encubra ambições de entidades ou grupos, económicos ou ideológicos, nacionais ou internacionais que sejam”, lê-se na nota pastoral da CEP aprovada na Assembleia Plenária dos bispos que hoje terminou em Fátima.