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Ucrânia: Guerra já matou mais de 400 atletas e treinadores ucranianos

Data de publicação
23 Fevereiro 2024
8:08

A guerra na Ucrânia deixou 439 atletas e treinadores mortos em dois anos, segundo dados do Governo ucraniano, que pretende que estrelas, como o guarda-redes do Benfica Anatoliy Trubin amplifiquem no estrangeiro a mensagem de resistência à agressão russa.

Em entrevista à agência Lusa quando se assinala o segundo aniversário da invasão da Ucrânia, o ministro interino da Juventude e Desporto, Matvii Bidnyi, indica que as autoridades de Kiev desejam que os cerca de dois milhões de jovens refugiados retornem o mais depressa para participar na reconstrução do país, mas também que as novas gerações que se encontram em países europeus se tornem “embaixadores” da adesão à União Europeia (UE).

Para Matvii Bidnyi, nascido em 1979 em Kiev e no cargo desde novembro do ano passado, “não há nada de positivo em qualquer agressão”, como aquela que a Rússia encetou em 24 de fevereiro de 2022 na Ucrânia, “um país enorme e com muitas regiões na linha da frente”, destacando o seu impacto em toda a população civil.

“Todas as semanas recebemos notícias devastadoras de jovens e crianças e até famílias inteiras que morrem entre escombros por causa dos bombardeamentos”, assinala o governante.

Mesmo as regiões mais afastadas das linhas de combate, como a própria capital, Kiev, sentem os efeitos diretos da guerra, sendo também fustigadas pelos raides aéreos russos, levando a que “jovens e crianças estejam a morrer devido a esses ataques”.

De acordo com a Missão de Monitorização dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, 10.582 civis ucranianos morreram em dois anos de conflito, entre os quais 587 crianças, a que se somam outras 1.298 que ficaram feridas. Mas as Nações Unidas admitem que o total de vítimas reflete apenas os corpos encontrados e a Presidência ucraniana avisa que pode ser cinco vezes superior, ou seja cerca de 50 mil.

O impacto é transversal a toda a sociedade ucraniana e, nas atividades desportivas, o custo da guerra saldou-se no envolvimento de desportistas e treinadores, que “pegaram em armas, juntaram-se ao Exército e estão a combater” na linha da frente, segundo relata à Lusa o ministro.

“Neste momento há mais de três mil desportistas e treinadores que fazem parte das Forças Armadas e 439 morreram durante esta guerra”, adianta.

Os números são assoladores e incluem também os cerca de 3,7 milhões de deslocados internos estimados, em fuga das regiões atingidas pelos combates, e que, mesmo à distância em locais menos inseguros da Ucrânia, têm sido vítimas não só dos bombardeamentos como de “apagões”, em resultado da destruição de infraestruturas de energia, como sucedeu sobretudo no inverno de 2023.

Este quadro leva a que muitos jovens e crianças não tenham aquecimento nas escolas ou nos centros desportivos, que, no limite, foram inclusivamente destruídos, conduzindo, em muitas ocasiões, a que as atividades decorram em espaços exteriores, e o mesmo acontece com atletas de competição, apesar do frio e da frequência dos alarmes de ataque aéreo.

O ministro refere que o Governo está a tentar localizar estabelecimentos de ensino e de formação para a atividade educativa dos deslocados e para que os atletas, em concreto, não interrompam os seus treinos, deixando igualmente uma palavra para os milhões de jovens refugiados e o seu papel na reconstrução do país.

“Para a Ucrânia, neste momento, é muito importante garantir que o maior número possível regresse desde já”, apela, dando conta de que o executivo está à procura de condições para os trazer de volta no imediato.

Por outro lado, o Governo de Kiev tem discutido com Bruxelas os programas de permanência temporária de jovens ucranianos no espaço europeu, merecendo do ministro da Juventude e Desporto um agradecimento a todos os aliados “e em particular a Portugal” pela sua disponibilidade.

No entanto, insiste que o objetivo é fazer com “aqueles que partiram devido à agressão russa regressem quanto antes” e que os que permanecerem fora do país, ao abrigo daqueles programas, “adquiram competências que ajudem no processo de integração na UE e se tornem numa espécie de ‘embaixadores’ das mudanças e do percurso da Ucrânia” no seu caminho para se tornar num membro de pleno direito.

A mesma função de “embaixadores” é aplicada em relação às estrelas desportivas ucranianas que atuam nos grandes palcos europeus, como é o caso do guarda-redes internacional do Benfica Anatoliy Trubin.

“Quando se trata de promover as narrativas, é claro que para nós é muito importante que as nossas principais estrelas do desporto chamem a atenção para a Ucrânia e para os problemas e para o terror que está a acontecer e elas são os nossos ‘embaixadores’”, afirma o governante.

Matvii Bidnyi referiu-se também à controversa lei da mobilização militar, em revisão no parlamento, que, entre várias medidas poderá baixar a idade de serviço dos 27 para os 25 anos, agravar penalizações para quem escape ao recrutamento e obrigar os que residem no estrangeiro a manterem os dados atualizados.

Lembrando que o país está sob lei marcial desde o início da guerra e que a resposta à mobilização “é um dever de todos”, incluindo dos desportistas de competição, o ministro ressalva que a legislação prevê exceções e mecanismos para os atletas de topo “em consideração pelos seus feitos”, através de uma extensão dos prazos antes de serem recrutados para as Forças Armadas, o que ainda não é o caso de Trubin, que tem apenas 22 anos.

O governante salienta “o sentido de pertença” das novas gerações à Ucrânia, num país com “uma história muito longa e complicada”, e onde “as gerações mais velhas, as que nasceram durante a União Soviética e antes da independência, enfrentaram muitas lutas ao longo da sua vida”.

Os jovens, segundo Matvii Bidnyi, apesar de serem posteriores à independência do país, declarada em 1991, ou muito novos quando há uma década se deu a Revolução da Dignidade, ou os protestos EuroMaidan, que afastaram Kiev da influência russa, “identificam-se claramente como ucranianos, associam-se à Ucrânia, à sua história e aos seus valores”, com o ministro a salientar que esta é altura destas novas gerações continuarem a promover o seu orgulho nacional.

“Numa perspetiva futura, é importante que estes jovens, que sentem este incrível sentido de responsabilidade e de pertença, se tornem uma espécie de representantes das mudanças e da aceitação das mudanças na Ucrânia”, declara, frisando que serão eles que “reconstruirão o país depois da guerra e mais adiante”.

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