"Conversão" foi o mote da homilia desta Quarta-Feira de Cinzas na Sé do Funchal
Realizou-se hoje a tradicional homilia de Quarta-Feira de Cinzas na Sé do Funchal. A "conversão" foi o mote do sermão ministrado por D. Nuno Brás neste início de quaresma.
"Os recentes acontecimentos mostraram muitas fragilidades e pecados que clamam pela urgência e necessidade de conversão. Precisamos de conversão, porque nem sempre soubemos cuidar dos mais fracos, em particular dos que são vítimas de abusos e exploração sexual, económica ou nos seus direitos fundamentais. Precisamos da conversão porque somos egoístas; porque passamos tantas vezes indiferentes ao outro e ao seu sofrimento; porque nos revestimos com uma carapaça dura que nos impede a abertura do coração e a incomodidade do confronto com a realidade que nos cerca", alertou o bispo do Funchal.
"Na raiz latina da palavra 'conversio' encontra-se a sugestão do abandono de um caminho que se percebe ser errado, e a mudança para uma nova direcção que possa conduzir à meta desejada. Apenas o ser humano é capaz de conversão verdadeira, porque apenas ele é dotado de liberdade e, portanto, capaz de realizar mudanças radicais e efectivas na sua existência.
A conversão tem lugar quando percebemos um bem maior, e nele encontramos forças para uma mudança radical. A mudança que é realizada apenas com o objectivo de interromper o aborrecimento não é, de facto, conversão: mudar apenas 'porque sim' não implica o nosso existir; consiste apenas na confirmação do que já somos — mudam as aparências para que tudo possa continuar na mesma", refletiu D. Nuno Brás.