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D. Nuno Brás recorda ano difícil e de "muitas derrotas", mas sublinha lições aprendidas

JM-Madeira

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Data de publicação
01 Janeiro 2022
11:10

Realizou-se, ontem, pelas 17h00, na Sé do Funchal, a Missa do Final do Ano e Te Deum, presidida pelo bispo D. Nuno Brás.

Na homília, o bispo começou por recordar o desafio com que o mundo se defrontou em 2020, apontando que antes de a pandemia ter chegado o sentimento generalizado era o de que "vivíamos no melhor dos mundos".

"Faltavam, simplesmente, alguns pequenos acertos, que a ciência e a técnica se encarregariam de introduzir. Poderíamos, por isso, declarar que a história tinha atingido o seu ponto alto e final", afirmou, lembrando que "de repente, a vida parou".

". Qual Guerra Mundial, ultrapassam já os 5 milhões e meio, os mortos oficialmente causados por esta pandemia. Se as vacinas nos protegem em larga medida, creio, no entanto, que ninguém hoje deixará de pensar: se este é o melhor dos mundos, bem pouco é o que conseguimos", acrescentou.

Lamentando que há quem julge que a pandemia foi a prova de que Deus não existe, D. Nuno Brás avançou uma resposta para a questão ‘como é que Deus permite o sofrimento?’: "A resposta àquela interrogação essencial (como é que Deus permite o sofrimento?) só pode ser vislumbrada se retirarmos todas as consequências do anúncio evangélico que acabámos de escutar: "O Verbo fez-se carne e habitou no meio de nós" (Jo 1,14)", respondeu.

"Com efeito, ao afirmar que Deus se fez carne (não apenas que Deus é pensamento, ideia; que é razão e sentido; ou mesmo que é sentimento e vida — tudo isso já a antiga filosofia grega o tinha afirmado de modo eminente) — ao afirmar que Deus se fez "carne", o evangelista está a afirmar que a realidade frágil, mortal, limitada e sofredora daquele homem concreto que é Jesus de Nazaré, se tornou, a partir desse momento, o lugar onde nos é possível encontrar Deus. Que o mesmo é dizer: o sofrimento e o limite; a fragilidade e a finitude que marcam o humano, são experimentados, vividos por Deus em primeira pessoa. Em Jesus, Deus sabe o que é sofrer, e o que é sofrer injustamente; Deus sabe o que é morrer, e morrer na solidão, abandonado por todos; Deus sabe o que significa ser condenado injustamente, no meio de jogos políticos ou de comunicação, crucificado na praça pública", continuou.

Desta forma, de acordo com o bispo, quando sofremos, há uma escolha a fazer: "viver aquele momento com Deus ou sem Ele. Sofrer acompanhados por Deus, cujo sofrimento se tornou caminho de vida e ressurreição, ou sem Ele, abandonados à nossa solidão, incapacidade e revolta".

Contundo, D. Nuno Brás reconheceu que, no passado, a "sociedade madeirense escolheu viver o seu drama humano acompanhada por Deus". "por Deus. E essa mesma escolha a precisamos nós de realizar — cada um de nós e o todo do nosso tecido social. Porque não nos basta ser herdeiros de uma tradição; importa que a liberdade de cada um se deixe iluminar pela graça que é o dom do Espírito Santo, e realize hoje e para a sua vida esta opção que respeita a cada um e a todos: queremos ser com Jesus Cristo, o Deus que sofre connosco e que nos aponta o caminho da vida, e com Ele, moldar a nossa existência", sublinhou, reiterando que "tão importante que a pergunta acerca onde está Deus no meio da pandemia que vivemos, é aquela outra questão: onde está o homem? Onde estamos nós?".

Já se referindo ao ano que findou ao som das 12 baladas, D. Nuno Brás declarou que "é momento de ação de graças pelo que vivemos neste ano de 2021". "Não foi o ano que idealizámos. Foi mesmo um ano de particular luta e de muitas derrotas", reconheceu, mas deixou uma ressalva: "Em 2021 foi-nos, também, dada a possibilidade de quase tocar Deus em tantas circunstâncias: desde o testemunho daqueles que, esquecendo-se de si, se fizeram presença do amor divino, de modo particular junto dos doentes; até ao testemunho de fé do povo simples que escolheu continuar a confiar em Deus e a entregar-lhe a sua vida; passando pela valorização das relações diretas entre pessoas, fartos que nos descobrimos dos encontros virtuais. Neste ano, aprendemos todos um pouco mais sobre o valor do outro e de como é bom olhar o seu rosto sem máscara; aprendemos a respeitá-lo e a acolhê-lo na sua singularidade; aprendemos a não deixar que apenas o aqui e agora determinem a nossa existência, e fomos convidados a olhar para o horizonte de eternidade que Deus sempre nos propõe; aprendemos a dar valor a tantas realidades bem mais humanas que o ter ou o prazer. Aprendemos, afinal, a deixar que Deus nos visite no hoje da nossa vida e lhe dê um novo e definitivo sentido", asseverou.

Edna Baptista

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