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Papa Francisco apela em Chipre à "unidade" e ao "fim das divisões"

JM-Madeira

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Data de publicação
02 Dezembro 2021
17:47

O Papa Francisco, que hoje iniciou uma visita a Chipre, apelou à "unidade" e à "ultrapassagem das divisões", num momento em que a ilha mediterrânica membro da União Europeia (UE) enfrenta uma importante crise migratória.

"Para construir um futuro digno do Homem, é necessário trabalhar em conjunto, ultrapassar as divisões, abater os muros e cultivar o sonho da unidade", afirmou o pontífice numa catedral maronita na capital cipriota, Nicósia.

"Temos necessidade de acolher e de integrar, de caminharmos juntos", acrescentou.

O Papa evocou o Mediterrâneo como "um mar de histórias diferentes, um mar que foi o berço de tantas civilizações, um mar onde ainda hoje desembarcam pessoas, povos e culturas de todas as partes do mundo".

Numa mensagem de vídeo, divulgada antes da viagem, Francisco tinha descrito este mar como um "imenso cemitério", devido aos milhares de migrantes que morrem no Mediterrâneo ao tentar alcançar a Europa.

Numa referência à diversidade religiosa de Chipre, e no seu primeiro discurso logo após a chegada, também apelou "para que a diversidade não se torne numa ameaça à identidade".

Na perspetiva do chefe da Igreja Católica, a presença destes migrantes, que classificou como "irmãos e irmãs", tornou a ilha dividida "num verdadeiro ponto de encontro entre diferentes etnias e culturas".

A República de Chipre, que apenas controla cerca de dois terços da ilha com maioria de população grega, regista o número mais elevado de primeiros pedidos de asilo, em proporção com a sua população de cerca de um milhão de habitantes, entre os 27 Estados-membros da UE.

Nicósia acusa a Turquia de instrumentalizar os migrantes irregulares, incentivando a que se dirijam para a parte sul a partir da autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN), apenas reconhecida por Ancara e que mantém nesse território um forte contingente militar desde a invasão de 1974 que implicou a divisão da ilha.

De acordo com as autoridades cipriotas, estão a decorrer negociações para organizar a partida para Roma de diversas famílias de migrantes que vivem em Chipre, à semelhança da medida promovida pelo Papa quando visitou a ilha grega de Lesbos em 2016. Na ocasião, regressou ao Vaticano com três famílias de refugiados sírios.

No seu primeiro ato junto da minoria católica da ilha, sobretudo formada por migrantes, o Papa reafirmou que "não devemos sentir a diversidade como uma ameaça contra a identidade" e assinalou que "não pode haver muros na Igreja".

"Também não devemos recear preocupar-nos com os respetivos espaços" porque "se cairmos nessa tentação cresce o medo, o medo gera desconfiança, a desconfiança conduz à suspeita e, antes ou depois, leva à guerra", advertiu.

Nesta sua viagem de dois dias a Chipre, e antes de voltar a visitar a Grécia, Francisco optou por se reunir em primeiro lugar com a antiga comunidade maronita, com cerca de 8.000 fiéis na ilha, proveniente do Líbano e que tenta manter as suas tradições, em particular após a invasão da Turquia da parte norte do país.

Numa referência ao Líbano, o Papa manifestou "muita preocupação" pela crise social, económica e humanitária do país vizinho, apenas separado de Chipre por uma faixa do Mediterrâneo de 160 quilómetros, e recordou "a dor de um povo fatigado e esgotado pela violência e o sofrimento".

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