Ordem dos Médicos verifica falta de uniformização no Sistema Regional de Saúde

Susy Lobato

A falta de uniformização no Serviço Regional de Saúde foi um dos reparos feitos hoje pelo presidente da Seção Regional do Sul da Ordem dos Médicos (OM), após ter visitado os dois hospitais do Funchal.

«Vimos aqui na Madeira sistemas excelentes, virados para o futuro, e vimos alguns do passado, que esperávamos que já não acontecessem», transmitiu Alexandre Lourenço, dececionado sobretudo com aquilo que viu no Hospital dos Marmeleiros.

Sobre essa questão, referiu que o Hospital peca pelos problemas estruturais, mas também pelo facto de os médicos não poderem interferir em algumas decisões importantes.

«Os médicos estão, muitas vezes, afastados da liderança. Ficam tão preocupados com o excesso de consulta que depois não conseguem parar e pensar», mencionou o responsável, considerando que «é preciso dar voz a quem, no dia-a-dia, resolve os problemas». Disse, também, que temos de ser mais eficientes e que «a eficiência passa, muitas vezes, pela opinião dos profissionais que têm de gerir os recursos».

Foi nesse sentido que Alexandre Lourenço lançou um apelo ao Governo Regional e ao SESARAM, para que ouçam a Ordem e os próprios médicos, deixando-os à vontade para desenvolver projetos de futuro.

Enquanto presidente da seção Sul da OM, e detetando a falta de profissionais em algumas áreas, demonstrou-se disponível para «auxiliar tecnicamente na capacidade de fixar especialistas, fazendo com que novos internos venham formar-se na Madeira».

Ainda assim, e apesar de verificar «uma evolução positiva nos últimos anos», Alexandre Lourenço frisou que «o novo hospital é necessário para que a medicina se possa desenvolver mais, com melhor qualidade e inovação, para que não existam disfuncionalidades que resultam de pólos separados e tão diferentes».

Após a visita, que contou também com a presença do secretário regional da Saúde, Alexandre Lourenço concluiu dizendo que, no geral, «é preciso não só de mais dinheiro, mas também de mais cuidado da parte da Segurança Social e uma política integrada para resolver os problemas da saúde que não passa só por construir um hospital».

Em declarações à comunicação social, Pedro Ramos disse ter encarado esta espécie de “auditoria” com bons olhos, já que permite «saber a capacidade dos serviços, ao constatar aquilo que estamos a fazer bem e também para ver quais os reparos que devemos fazer no sentido de melhorar todo o funcionamento».

O secretário lembrou que «o Sistema Regional de Saúde foi recentemente acreditado em várias unidades e serviços da sua composição» e aproveitou a oportunidade para anunciar que «o novo Plano de Saúde Mental da RAM está praticamente concluído», faltando agora agilizar os circuitos para o funcionamento e articulação entre o Hospital e todas as entidades que acompanham este tipo de doentes.

Referiu, também, que um dos objetivos do Serviço Regional de Saúde é colocar internos em algumas especialidades que, neste momento, não têm idoneidade reconhecida.

«Nos serviços que têm idoneidade parcial, temos uma capacidade para ter os internos um ano ou dois, como na oftalmologia, sendo que, depois, os outros últimos dois anos são feitos num serviço onde exista essa capacidade formativa», explicou Pedro Ramos, adiantando que o seu objetivo é atrair internos para o Hospital do Funchal e que esses possam cá ficar.