Ferry: BE diz que foi cumprida a "promessa de servir os lóbis"

O Bloco de Esquerda/Madeira considerou esta segunda-feira que foi cumprida a "promessa de servir lóbis", referindo-se à entrada em atividade do ferry, na Madeira.

"O ferry faz a sua viagem inaugural hoje com 16% dos lugares ocupados, cumprindo assim o intuito de demonstrar que a ligação não é viável e que não há passageiros interessados, num processo conduzido desde o inicio com má-fé pelo Governo Regional para proteger os interesses instalados e não para servir a população madeirense", acusou o coordenador do BE/M.

Para Paulino Ascenção, "o concurso foi lançado com condições restritivas no transporte de carga e num contexto de elevadas taxas portuárias para desincentivar qualquer potencial interessado a apresentar proposta e, assim, proteger o operador que domina o transporte de carga contentorizada entre a Madeira e o continente".

"A carga é fundamental para a viabilidade do ferry, pois não é afetada pela sazonalidade. Depois de conhecido o vencedor do desejado concurso, as taxas portuárias foram reduzidas pelo Governo Regional", notou.

De acordo com o bloquista, "vários aspetos revelam a absoluta falta de interesse nesta operação por parte do armador e do Governo Regional, que se somam às condições incluídas no caderno de encargos para afastar potenciais interessados", disse, enumerando.

"Primeiro, os preços proibitivos no transporte de carga, em especial no sentido Portimão-Funchal, em que chega a ser sete vezes mais caro do que o mesmo item trajeto inverso; depois, o anúncio tardio da operação e do inicio de venda de bilhetes; a impossibilidade absurda de compra de um bilhete entre Portimão e as Canárias e a obrigação dos passageiros em trânsito desembarcarem no Funchal e fazerem novo 'check-in' para prosseguirem viagem e ainda a falta de campanhas de promoção/informação junto do público e dos agentes de viagens".

Paulino Ascenção prossegue realçando que "não estamos perante o cumprimento de uma promessa feita ao povo de reintroduzir a ligação marítima de passageiros, mas sim o cumprimento de uma promessa feitas ao 'dono da Madeira' de proteger os seus interesses".